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Aumenta 98% o número de mortes em ação da Rota de São Paulo

A Ouvidoria da Polícia registrou 716 mortes relacionadas a PMs em serviço em 2019 contra 642 de 2018. O salto de 51 mortes de civis para 101 por agentes da Rota ligou o sinal de alerta no governo Dória
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 10 de fevereiro de 2020

A Ouvidoria da Polícia de São Paulo registrou crescimento da letalidade de policiais em serviço em 12% no ano de 2019.  Agentes da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) contribuíram decisivamente para o aumento das mortes em confronto: aumentando em 98% o índice.

De acordo com o então Ouvidor Benedito Domingos Mariano, não fosse a atuação da Rota o índice de mortos em ação teria sido menor que o período anterior. Para Mariano, a Rota é influenciada pelo pensamento do senso comum de que “bandido bom é bandido morto”, ainda contando com a influência do “discurso conservador que permeia o Estado e o País”.

A apresentação do Relatório da Ouvidoria, na semana passada, foi o último ato de Mariano à frente do órgão. Ele não foi reconduzido ao cargo pelo governador João Dória (PSDB), rompendo tradição de 25 anos. Sociólogo de formação, Mariano teria direito a uma recondução e foi o mais votado da listra tríplice apresentada pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).

Desde que assumiu em 2019, Dória tem sustentado o discurso de mandar “bandido para o cemitério”, intensificando o combate ao crime. Em setembro passado, o governador chegou a dizer que a redução da letalidade policial não era obrigatoriedade.

Inquérito de Paraisópolis foi arquivado

Para a Secretaria de Segurança Pública do Estado, as polícias sob seu comando têm “rigoroso sistema corregedor, que não compactua com eventuais desvios de conduta de seus agentes”.

Apesar disto, a Corregedoria da PM paulista pediu o arquivamento do inquérito que apura crime militar na ação que acabou com 9 mortos por pisoteamento na recente tragédia em um baile funk na favela de Paraisópolis.

A Ouvidoria da Polícia de São Paulo registrou que em 2019 houve 716 mortes relacionadas a PMs em serviço contra as 642 de 2018. No entanto, o salto de 51 mortes de civis para 101 por agentes da Rota ligou o sinal de alerta no primeiro ano do governo Dória.

Ações violentas

Não é a primeira vez que a chamada polícia de elite de São Paulo é ligada a ações violentas. Ainda em 1992, o jornalista Caco Barcelos escreveu o livro Rota 66: a história da polícia que mata, relatando uma ação da Rota que resultou na morte de um grupo de jovens de classe média paulistana e que acabou revelando ainda o elo entre tantos outros assassinatos sem explicação realizados pela polícia.

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