GERAL

Sobram vacinas nos países ricos

Os países do G7, incluindo a União Europeia, compraram mais da metade (51%) dos insumos de vacina de todo o planeta, ainda que representem apenas 13% da população mundial
Por Gilson Camargo / Publicado em 9 de março de 2021
Gisèle Lévesque, 89 anos, primeira pessoa vacinada no Canadá, país que garantiu doses suficientes para imunizar sua população mais de cinco vezes

Foto: Reprodução/ MCE

Gisèle Lévesque, 89 anos, primeira pessoa vacinada no Canadá, país que garantiu
doses suficientes para imunizar sua população mais de cinco vezes

Foto: Reprodução/ MCE

Antes da reunião virtual dos líderes do G7 organizada pelo governo do Reino Unido, no dia 19 de fevereiro, a Anistia Internacional advertiu que a falha em garantir o acesso global às vacinas representa um desvio moral que acabará prejudicando também os países ricos. “Os líderes do G7 estão dando um tiro no pé ao não garantirem a distribuição igualitária e global das vacinas contra a covid-19”, disse Netsanet Belay, diretor de pesquisa e representante da Anistia Internacional.

A promessa de ‘reconstruir melhor’ soa falsa quando os países do G7 são os principais culpados por bloquear a proposta da Organização Mundial do Comércio (OMC) de suspender os direitos de propriedade intelectual durante a pandemia. Nenhum país do G7 pressionou os produtores de vacina, os quais foram financiados com grandes somas de dinheiro público, a compartilharem seu conhecimento e sua tecnologia através da Organização Mundial da Saúde (OMS) para, assim, permitirem que mais vacinas fossem produzidas.

Os países do G7, incluindo a União Europeia, compraram mais da metade (51%) dos insumos de vacina de todo o planeta, ainda que representem apenas 13% da população mundial. Mais da metade (52%) das doses disponíveis já foram administradas nesses países, enquanto 130 outros ainda não aplicaram uma dose sequer.

As nações do G7 forneceram fundos para iniciativas internacionais como a Covax, consórcio de 165 países que visa providenciar vacina para 20% das nações mais pobres, mas bloquearam outras medidas que permitiriam que mais insumos fossem produzidos.

Enquanto a pandemia se torna mais severa e avança entre as nações pobres ou em desenvolvimento, os países ricos têm vacinas de sobra. O Canadá, por exemplo, garantiu doses o bastante para vacinar sua população mais de cinco vezes. Já a França, a Alemanha e a Itália, membros da União Europeia, asseguraram doses suficientes para mais de duas vezes a população de toda a UE. O Japão obteve doses suficientes para vacinar sua população 1,2 vez. As reservas de vacinas do Reino Unido garantem doses para vacinar sua população mais de quatro vezes e os Estados Unidos, mais de três vezes.

Amazônia devastada

Apreensão de madeira no Mato Grosso pela Secretaria de Meio Ambiente

Foto: Sema/ Arquivo

Apreensão de madeira no Mato Grosso
pela Secretaria de Meio Ambiente

Foto: Sema/ Arquivo

Alertas do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indicam queda de 70% na destruição da Amazônia em janeiro deste ano. A estimativa é alentadora, mas pode ter sido manipulada, já que nesse período de chuvas boa parte da região está coberta por nuvens. Para os ambientalistas, isso reduz a confiabilidade dos dados levantados por radar. O Inpe registrou alertas em 86 quilômetros quadrados em janeiro contra 284 em janeiro de 2020. Mesmo que se confirme a redução, em dois anos, foram destruídos mais de 11 mil km² da floresta e, em dezembro, o desmatamento aumentou quase 14%. Segundo o Inpe, a Amazônia encerrou 2020 com o saldo de 8.426 km2 com alertas de desmatamento, o segundo maior desde 2015.

Sua vida pelo Mercado

O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), gravou um vídeo no dia 25 de fevereiro, em meio ao caos na saúde, sugerindo que os gaúchos sacrificassem suas vidas para manter o comércio aberto. “Dê a sua contribuição. Contribua com a sua família, com a sua cidade, com a sua vida para que a gente salve a economia do município.” Uma ação de vereadores do PT cobra na Justiça a responsabilização do prefeito pela aceleração do contágio e afirmam que Melo fez “alianças e opções políticas nefastas”, como incentivar as aglomerações, distribuir o ineficaz kit covid com cloroquina e desmontar o sistema de saúde da capital gaúcha.

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