Padres repudiam presença do presidente Bolsonaro em santuários
Nota de repúdio e indignação
Foto: Alan Santos/PR
Ligados aos movimentos Padres da Caminhada e Padres Contra o Fascismo, mais de 400 sacerdotes e bispos católicos se manifestaram em nota pública, divulgada nesta quarta-feira, 6, ao que chamam de uma atitude “eleitoreira” do presidente Jair Bolsonaro. Na segunda-feira, 4, Bolsonaro visitou o Santuário do Cristo Redentor na cidade do Rio de Janeiro para acompanhar a assinatura dos termos de um protocolo de intenções e de um acordo de convivência entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
Fortes críticas também foram endereçadas ao arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, cardeal Dom Orani Tempesta. “Não é possível conceber um bispo com ‘cheiro das ovelhas’ ao lado do lobo”, destacaram. A comparação feita pelos movimentos é a lembrança da manifestação do Papa Francisco aos bispos e presbíteros em 2013, ano de sua eleição. “Sede pastores com o ‘cheiro das ovelhas”, disse na ocasião Francisco em um forte direcionamento do seu pontificado.
A crítica pública a um alto dignitário da Igreja por integrantes do próprio clero católico é algo muito raro. Os Padres da Caminhada e Padres Contra o Fascismo foram mais longe. Pedem que Dom Orani peça desculpas públicas “a Deus e as suas ovelhas”. Eles consideram a presença do atual presidente um motivo de escândalo.
“O senhor presidente da República despreza o maior dom de Deus: a vida, como mostrou inúmeras vezes durante a pandemia de covid-19. Ele desrespeita o meio ambiente e os habitantes originários de nossas terras, é racista, misógino e homofóbico e não esconde sua aversão aos pobres, aquelas e aqueles que sempre foram centrais para Jesus, o Redentor”, explicam.
Aceno eleitoreiro
O documento ainda alerta para outro “claro aceno eleitoreiro” do presidente. Bolsonaro participará no próximo sábado, 9, de uma missa no Santuário de São Miguel Arcanjo na cidade paranaense de Bandeirantes.
Em outubro do ano passado, o presidente também foi questionado por ter proferido leituras no dia da padroeira do Brasil, em Aparecida do Norte. Na época, os religiosos o acusaram de ter profanado o santuário.
“Novamente, sua presença em um templo católico causa indignação porque bem sabemos que ele é qualquer coisa menos cristão. Seus atos e seu ódio constantemente dirigidos contra tudo e contra todos estão muito longe da bondade e da misericórdia de Jesus de Nazaré. Mas nossa indignação é novamente maior com aqueles que estão à frente do Santuário e deveriam ter ‘cheiro de ovelhas’”, diz firme os Padres da Caminhada e os Padres Contra o Fascismo.