Atirador da Bahia tem 14 anos e usou arma do pai
Foto: Reprodução/Redes Sociais
O atirador que baleou e esfaqueou até a morte uma aluna cadeirante no interior de uma escola pública no Oeste da Bahia na última segunda-feira, 26, tem apenas 14 anos e era estudante da escola.
O menino promovia discursos de ódio na internet e usou a arma do pai, que é policial reformado da Polícia Militar de Brasília. As informações são da Polícia Civil de Barreiras, município em que ocorreu o crime.
Comovidos, os estudantes da escola promoveram uma homenagem com orações logo após o ataque em memória da vítima. Trata-se de Geane Silva Brito, 19 anos, que cursava o 9º ano na Escola Municipal Eurídes Sant’Anna e morreu no local.
Foto: Acervo pessoal/Reprodução
Conforme divulgado pela polícia, o pai do atirador é um policial militar reformado de Brasília que havia se mudado recentemente para Barreiras.
O revólver usado pelo menino, segundo o pai em seu depoimento, estaria guardado embaixo de um colchão. A polícia vê inconsistências no depoimento.
“O pai disse que guardava a arma debaixo do colchão de uma cama e que o garoto não tinha acesso, mas não acredito nessa versão. Ele é um garoto bastante introspectivo que, nos últimos meses, passou a ficar muito tempo nas redes sociais. Os pais não sabiam os tipos de conteúdos que ele consumia na internet”, declarou o delegado Rivaldo Almeida Luz, após ouvir o pai do menor.
Ainda conforme as informações da Polícia Civil, o menino, cuja identidade não pode ser revelada por tratar-se de menor de idade, entrou pelo portão principal como os demais alunos. A polícia também suspeita que o atirador teria passado em frente à unidade de ensino horas antes de cometer o crime.
Ataque foi anunciado no Twitter
Foto: Reprodução/Twitter
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Foto: Reprodução/Twitter
Foto: Reprodução/Twitter
Mais cedo, a 1h26min, ele escreveu, “já está tudo comigo, agora é só esperar. Tudo pode acontecer nas próximas horas”.
No começo do mês de setembro o adolescente promoveu vários discursos de ódio com conotação preconceituosa contra minorias.
“Saí da capital para o merdeste, e nunca pensei que aqui fosse tão repugnante. Lésbicas , gays e marginais aos montes acham que são dignos de conhecer minha santidade. Os farei clamar pela minha misericórdia, sentirão a ira divina”, tuitou no dia 6 de setembro sob o codinome Hannya_88 ou @TheAlgizGod.
No mesmo dia postou: “Malditos vermes horríveis, vocês me causam vergonha de ser humano, como consequência, tornarei-me um símbolo de apatia, de punição e de que há resistência. E nem mesmo seus bebês infectados com seus bárbaros ensinamentos serão poupados, pois sou o contrário da misericórdia”.
Os apelidos usados pelo rapaz na plataforma invocam referências ao sânscrito e mitologia japonesa (hannya) e celta (algiz) e personagens de anime (desenho animado japonês adaptado de revistas mangá).
Como foi
Foto: Polícia Civil
Eram passados vinte minutos da sete da manhã da segunda-feira, 26, quando o atirador de 14 anos, trajando roupa preta e escondendo o rosto com um capuz, entrou junto com os demais alunos pelo portão principal do Colégio Municipal Eurides Sant’Anna. A sua roupa destoava do restante dos estudantes, que usavam o uniforme da escola: blusa branca e calça ou saia azul.
Um guarda da escola afirma que percebeu a entrada dele e correu para buscar ajuda depois que houve um disparo na sua direção.
O atirador carregava um revólver 38 carregado com seis balas, uma faca de caça e uma bomba caseira.
Na hora do ataque, 40 dos 400 alunos que estudam no turno da manhã estavam em formação “em guarda” na quadra de esportes, já que o colégio tem gestão compartilhada com a Polícia Militar.
O revólver do atirador negou fogo pelo menos duas vezes. Nisso, parte dos estudantes do pátio correram para os fundos da quadra e outros para a rua. Geane, de cadeira de rodas, ficou para trás.
Ela foi assassinada ali mesmo, onde seu algoz terminou de descarregar o revólver. Depois, não satisfeito, desferiu vários golpes de faca na menina.
Foto: Reprodução/Redes Sociais
Ainda não se sabe quem baleou o atirador
De acordo com a polícia, o colégio não tem câmeras de segurança, mas os investigadores procuram imagens de residências vizinhas. As aulas foram suspensas até o dia 3 de outubro.
Outra informação que foi confirmada pela investigação é que o atirador estava matriculado no colégio no período vespertino desde maio deste ano, mas acumulava faltas.
O adolescente também foi baleado durante o crime e socorrido na hora. Conforme o tenente coronel Fábio Santana, da Polícia Militar de Barreiras, os policiais que trabalham na escola estavam desarmados e os tiros que acertaram o menor “possivelmente partiu de uma pessoa que passava nas imediações no momento do ataque e que essa pessoa ainda não teria sido identificada”.
O jovem foi atendido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado para o Hospital Geral do Oeste. Ele passou por uma cirurgia e o quadro de saúde é considerado estável.
Discurso de ódio
A Polícia Civil investiga algumas publicações em redes sociais atribuídas ao adolescente de 14 anos caracterizados como discurso de ódio. Conforme a polícia apurou até agora, o jovem atirador mantinha contato com Henrique Lira Trad, de 18 anos, que foi preso no dia 19 de agosto após tentar invadir escola em Vitória (ES). A intenção de Lira era matar até 7 pessoas. Ele invadiu a escola com flechas, facas e uma bomba caseira.
Uma das linhas de investigação passa pelas ligações do atirador com organizações e outras pessoas que compartilham dos mesmos ideais do menor que executou o ataque.
Autoridades
Em nota, a Prefeitura de Barreiras lamentou o caso e disse que a Secretaria de Educação e a Polícia Militar acompanham e oferecem apoio e assistência aos estudantes e seus familiares.
“Em tempo, solidarizam-se com a família da aluna vitimada, expressando os mais profundos sentimentos neste momento de profunda dor e consternação”, afirma um trecho da nota.
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) também se manifestou por meio do Núcleo Territorial da Bacia do Rio Grande (NTE 11).
O órgão informou que uma equipe do NTE e psicólogos da SEC foram colocados à disposição para prestar atendimento e apoio socioemocional à comunidade escolar e aos familiares da vítima.
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