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Pelé, o gênio dos gramados que elevou uma nação morre aos 82 anos

Não foi um ser humano perfeito, mas, para muitos, nos campos de futebol não há questionamentos. Ex-jogador lutava contra câncer de cólon e estava hospitalizado em São Paulo desde 29 de novembro
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 29 de dezembro de 2022

Rei Pelé: ex-atleta estava hospitalizado em São Paulo desde o final de novembro para tratamento de um câncer de cólon

Foto: Reprodução

“Pelé já era o melhor muito antes de ser; e continua sendo, mesmo depois de ter sido”. A frase com que o jornalista Armando Nogueira (1927-2010) encerra uma crônica na revista Placar em 1990, neste dia 29 de dezembro de 2022 se torna mais atual do que nunca.

Edson Arantes do Nascimento faleceu às 15h27, de acordo com boletim divulgado pela equipe médica que acompanhava o quadro clínico do ex-atleta no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Considerado por muitos de forma inconteste o maior jogador de futebol que já pisou os gramados do planeta, o brasileiro mais conhecido de todos os tempos também foi intitulado o Rei do Futebol e escolhido o atleta do século 20 pelo jornal francês L’Équipe.

Mais, foi escolhido o Atleta do século pelo Comitê Olímpico Internacional sem nunca ter jogado uma Olimpíada.

O homem que encerra sua vida aos 82 anos de idade, vítima de complicações decorrentes de um câncer de cólon descoberto em seetembro de 2021 e que o mantinha hospitalizado desde 29 de novembro, no momento toma conta de todos os noticiários.

Não é para menos. Acostumado com majestades, o periódico inglês The Sunday Times um dia estampou uma pergunta e uma resposta ao mesmo tempo em suas páginas: “How do you spell Pelé? With the letters GOD” – Como se soletra Pelé? Com as letras GOD (Deus).

Rei ou Deus em inglês, em uma época que não existia redes sociais e uma comunicação tão veloz como a atual, Pelé nesta última quinta-feira do ano se torna mais imortal do que já era.

São tantas as histórias que circundam sua trajetória. Sem dúvidas, há muitas críticas à sua vida pessoal. Nenhuma, no entanto, é capaz de abafar a sua genialidade e a importância que imprimiu ao esporte mais popular da terra.

Para o Brasil, em especial, muitos veem na figura do jogador negro que comemorava seus gols com um soco no ar alguém que diminuiu o chamado “complexo de vira-latas” dos brasileiros, diagnosticado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues.

O imortal Ruy Castro ao comentar a morte do Rei afirmou: “A dívida do Brasil com o Pelé jamais será paga”.

Amigo e crítico ao mesmo tempo, Juca Kfouri registrou na Folha de São Paulo: “Pelé chutava magnificamente com ambos os pés, cabeceava de olhos abertos, fazia gols como ninguém, dava passes que surpreendiam até seus companheiros, matava a bola no peito como se a aninhasse feito um bebê no colo”.

Nascido em 23 de outubro de 1940, na cidade mineira de Três Corações, Pelé fez de tudo nos campos.

Além, dos seus 1.282 gols na carreira, em uma época em que só se podia fazer uma única substituição de atleta no jogo, Pelé chegou a ser o goleiro do Santos em quatro partidas. Todas na década de 1960. Curiosamente, aquele que se converteu no terror de todos os goleiros não levou um só gol ao encarar a posição.

Nos últimos dias, com sua internação, as redes sociais passaram a lembrar lances memoráveis de Pelé em vídeos que viralizaram.

Um debate acabou inevitável. Enquanto uns diziam que Pelé não teria o sucesso que teve com os atuais zagueiros e jamais chegaria a fazer os míticos mil gols, a resposta se escancarava de uma forma quase que óbvia.

Muitos diziam que, sim, Pelé não marcaria mil gols, mas 3 mil, 5 mil. Toda a tecnologia atual do futebol certamente faria Pelé mais do que parar uma guerra para ser visto.

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