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Discriminação de gênero resulta em fome e perdas de quase 1 trilhão de dólares na atividade agrícola mundial

Relatório aponta fontes de desigualdade que restringem a participação das mulheres e acabam diminuindo a produtividade no setor
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 14 de abril de 2023

Foto: Sebastian Liste/ FAO/ Divulgação

Atraso na superação da discriminação contra mulheres gera perdas na produtividade global e protagonismo feminino poderia aumentar a resiliência de 235 milhões de pessoas, aponta FAO

Foto: Sebastian Liste/ FAO/ Divulgação

O acesso igualitário para as mulheres nos sistemas agroalimentares possibilitaria condições para diminuir a situação de insegurança alimentar de 45 milhões de pessoas no mundo.

O giro de cerca de 1 trilhão de dólares na economia global também seria a consequência da igualdade de gênero.

É o que revela a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em relatório sobre a discriminação das mulheres no trabalho agrícola.

Segundo a agência, 36% da força de trabalho feminina no mundo atua em sistemas agroalimentares. Tais sistemas abrangem conceitos relacionados ao desenvolvimento rural de uma localidade como acesso à terra e água, os meios de produção, a distribuição e a comercialização de alimentos.

O documento acentua que, apesar do número ser próximo da força de trabalho masculina (38%), as condições são piores que as dos homens.

São casos de irregularidade, informalidade, maior intensidade de trabalho e salários inferiores e discriminação que revelam um papel “marginalizado” das mulheres.

Outra realidade apontada é que elas têm menos posse de terra, menos acesso a crédito e treinamento e precisam utilizar tecnologias que foram projetadas para homens.

Primeiras a serem descartadas

Mulheres ainda são as primeiras a serem demitidas quando as economias passam por dificuldades. No primeiro ano da pandemia de covid-19, segundo o relatório, 22% das mulheres nos segmentos não-agrícolas dos sistemas agroalimentares mundiais perderam seus empregos.

No mesmo período, só 2% da força de trabalho masculina foi dispensada.

Na realidade, o sistema desigual identificado resulta em uma diferença 24% na produtividade entre mulheres e homens agricultores. Essa é a base de cálculo utilizado pela FAO para suas conclusões.

Para o organismo, a redução das disparidades de gênero estagnou ou retrocedeu.

Para ultrapassar as barreiras, a FAO apresenta recomendações para implementar sistemas agroalimentares mais justos e sustentáveis.

Entre elas, melhorar o acesso das mulheres à internet móvel. Entre 2017 e 2021 houve uma diminuição de 25% para 16% nos países de baixa e média rendas.

Outra ação importante é a garantia do direito de posse sobre terras agrícolas para as mulheres.

 

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