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Skate e Breaking, da cultura marginal aos pódios olímpicos

O Skate em pouco tempo entra para a história do esporte brasileiro. Ele e o Breaking, estreante dessa Olimpíada de Paris têm raízes nas ruas e já foram alvos de preconceito
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 9 de agosto de 2024

Skate e Breaking, da cultura marginal aos pódios olímpicos

Fotos: Luiza Moraes e Gaspar Nobrega/COB

Fotos: Luiza Moraes e Gaspar Nobrega/COB

O Skate só está na sua segunda Olimpíada e já entrou na lista das 10 modalidades esportivas que mais trouxeram medalhas na história do Brasil. 5

Os Bronzes conquistados por Augusto Akio na quarta-feira, 7, (Skate Park) e de Rayssa Leal em 28 de julho (Skate Street) não só contribuem para popularizar ainda mais a prática, mas também para colocar a modalidade em um patamar de respeito.

Traz em sua trajetória boicotes e perseguições no país que podem escapar do conhecimento das gerações mais novas.

Ele, ao lado do Breaking que estreia nesta sexta-feira, 9, sem representantes do Brasil em sua primeira Olimpíada, tem origens no ambiente da contracultura dos anos 1970.

Em 50 anos, o skate no Brasil passou de um esporte marginalizado a uma modalidade olímpica incensada pela mídia, tornando-se até mesmo núcleo destaque na novela Família é Tudo, da Rede Globo.

Surgido na contracultura dos anos 1970, era praticado por jovens que construíam seus próprios equipamentos de forma improvisada.

Não eram raras as proibições e a repressão da prática nas cidades com a justificativa de ser perigoso, atrapalhar o trânsito e causar danos ao patrimônio público.

Vândalos desocupados

Skate e Breaking, da cultura marginal aos pódios olímpicos

Foto: Acervo de Luiza Erundina

Ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina: apoio histórico aos skatistas

Foto: Acervo de Luiza Erundina

O skate ganhou força com a construção do primeiro skatepark da América Latina no ano de 1976 em Nova Iguaçu, RJ, e a resistência dos skatistas geração após geração fez a prática se consolidar uma subcultura urbana e underground ligada a movimentos musicais e comportamentais como punk hardocore, hip hop e  outras vertentes do rock nacional e internacional.

Entrou para a história um protesto de cerca de 200 skatistas em 24 de junho de 1988 contra a proibição do skate no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. A mobilização percorreu cerca de 3 km, do metrô Paraiso ao parque, para a entrega de um abaixo assinado com seis mil assinaturas para que o então prefeito Jânio Quadros (1917-1992).

A reivindicação era a revogação da proibição e a construção de uma pista. A resposta de Jânio foi um bloqueio total à prática na cidade. Não só os portões do Ibirapuera estavam fechados para o uso de skate, mas todas as áreas pública de São Paulo.

A medida só foi revogada com a eleição de Luiza Erundina, hoje deputada pelo Psol, mas na época, no PT, a primeira mulher eleita prefeita da capital paulista.

Não faltou nesse período, conforme registram cartas publicadas por leitores em jornais, adjetivos como vândalos e desocupados aos skatistas de outrora, hoje pioneiros de um esporte de ponta no Brasil.

Coisa de gangue

Skate e Breaking, da cultura marginal aos pódios olímpicos

Foto: Back Spin Crew

Back Spin Crew no Metrô São Bento (SP), berço do breaking e hip hop nacional

Foto: Back Spin Crew

Ainda mais estigmatizado, o breaking que estreia nos jogos deste ano inicialmente era visto como uma cultura marginal associada a gangues.

Criado nos anos 1970 por comunidades negras e latinas nas periferias do norte dos EUA ele surgiu como uma alternativa à violência e às disputas de gangues. Os confrontos eram substituídos por batalhas de dança.

Foram essas batalhas que deram origem a cultura hip-hop. DJs como Kool Herc organizando festas de rua que impulsionaram o movimento.

No Brasil, personalidades como Thaíde e Mano Brown já relataram repressão policial em suas juventudes por dançarem nas ruas. Em seu podcast Mano a Mano, Brown chegou a dizer que “cumpriu o dever do jovem brasileiro” ao ser preso “pelo crime de vadiar”, ironizou.

Andrezinho, integrante do Back Spin Crew, o mais longevo grupo de cultura hip hop do Brasil, diz que o que mudou foi, de fato, a profissionalização: “Antes éramos vistos como coisa de gangues, hoje somos vistos como profissionais”, afirma.

Top 10 de medalhas olímpicas para o Brasil por esporte 

  1. Judô: 28– 5 ouros, 4 pratas e 19 bronzes
  2. Atletismo: 20– 5 ouros, 4 pratas e 11 bronzes
  3. Vela: 19– 8 ouros, 3 pratas e 8 bronzes
  4. Natação: 15– 1 ouro, 4 pratas e 10 bronzes
  5. Vôlei de praia: 13– 3 ouros, 7 pratas e 3 bronzes
  6. Vôlei: 11– 5 ouros, 4 pratas e 2 bronzes
  7. Ginástica artística: 10– 3 ouros, 5 pratas e 2 bronzes
  8. Futebol: 9– 2 ouros, 5 pratas e 2 bronzes
  9. Boxe: 9– 2 ouros, 2 pratas e 5 bronzes
  10. Skate: 5– 3 pratas e 2 bronzes

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