Ex-presidente Duterte é preso por crimes contra a humanidade nas Filipinas

Foto: Khalil Masraawi/Addustour, Jordan Press & Publication Co (addustour.com) CC 4.0
Rodrigo Duterte, ex-presidente filipino, poderá ser o primeiro líder asiático a ser julgado pelo TPI
Foto: Khalil Masraawi/Addustour, Jordan Press & Publication Co (addustour.com) CC 4.0
Nesta terça-feira, 11, o ex-presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, foi detido em cumprimento a um mandato de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), onde será julgado por crimes contra a humanidade.
Duterte foi preso ao chegar ao Aeroporto Internacional de Manila, após retornar de Hong Kong. Ele está sob custódia, conforme informação do gabinete do presidente atual, Ferdinand Marcos. O TPI vem investigando os assassinatos em massa ocorridos durante a “guerra às drogas” de Duterte, que aconteceram entre 2016 e 2022.
A detenção foi pegou Duterte de surpresa e gerou confusão no aeroporto, onde advogados e assessores protestaram por não poderem se aproximar do ex-presidente. A filha dele, Sara Duterte, que também ocupa o cargo de vice-presidente das Filipinas, afirmou que seu pai foi levado para Haia “à força”. Ela declarou à imprensa local que “Isso não é justiça – isso é opressão e perseguição”.
Após ser preso, Duterte pediu para ser julgado nas Filipinas, afirmando não ter nada a perder. “Se eu cometi um pecado, julguem-me em um tribunal filipino”, disse ele. De acordo com a mídia filipina, o ex-presidente embarcou em um voo ainda na terça-feira com destino a Haia, na Holanda, onde fica o TPI.
Poucas horas depois de sua prisão, um advogado protocolou na Suprema Corte das Filipinas um pedido para que as autoridades do país deixassem de colaborar com o TPI.
A “guerra às drogas” foi a principal promessa de campanha de Duterte, que, como ex-promotor, era conhecido por sua postura dura contra o crime. Ao assumir o cargo em 2016, ele rapidamente cumpriu suas ameaças enraivecidas de “eliminar milhares de traficantes e usuários de drogas”.
De acordo com a polícia, 6.200 suspeitos foram mortos durante operações antidrogas, que, segundo eles, resultaram em tiroteios. No entanto, os ativistas de direitos humanos afirmam que o número real de mortos foi muito maior, incluindo muitos usuários de drogas em áreas de baixa renda, frequentemente relacionados em “listas de observação”, todos mortos em circunstâncias obscuras.
O procurador do TPI afirmou que até 30.000 pessoas podem ter sido assassinadas, seja pela polícia ou por indivíduos não identificados.
A polícia nega as acusações de execuções sistemáticas e de encobrimento, feitas por grupos de direitos humanos.