Tribunal de Justiça do RS retoma 25% das tramitações judiciais
Quase uma semana após um ataque cibernético que aprisionou todos os dados dos processos judiciais, o Tribunal de Justiça do Estado (TJRS) conseguiu recuperar apenas 25% das ações digitais que tramitam no órgão. Com isso, seguem sem contar prazo três de cada processos que tramita no órgão.
Os prazos legais foram suspensos na última quarta-feira, 28, após o ataque cibernético. As atividades da Justiça, na modalidade regular, por sistemas informatizados, foi toda suspensa. Na manhã desta segunda-feira, 3, o TJRS anunciou a normalização do serviço e-proc (1º e 2º graus). Mas advertiu que ainda podem ocorrer instabilidades pontuais.
O sistema, utilizado nos processos mais recentes, concentra as ações mais recentes do Judiciário. Outros dois serviços de alimentação de dados, Themis e e-Themis, continuam fora do ar e não há previsão de retorno. Esses sistemas concentram processos físicos (Themis) e processos digitais mais antigos (e-Themis).
O presidente do Conselho de Comunicação do Tribunal, Antonio Vinicius Amaro da Silveira, disse que o e-proc sofreu menos danos do ataque porque os servidores estão localizados no exterior, o que dificultou a ação dos criminosos. “O sistema foi retirado do ar por precaução, mas não sofreu danos. Já está operando dentro da normalidade”, disse.
Investigação
Equipes técnicas e o Núcleo de Inteligência do TJRS estão trabalhando desde a manhã de quarta-feira no caso, quando servidores do Tribunal relataram as primeiras dificuldades com o sistema. O ataque foi concretizado de madrugada. O órgão também solicitou apoio especializado ao Conselho Nacional de Justiça.
Entre as possíveis motivações para o crime está o interesse de facções criminosas em atrasar processos de transferência de líderes de facções para outros estados. Também há a possibilidade que o objetivo do ataque seja acesso aos dados pessoais de integrantes do Judiciário.
A Polícia não descartou um ataque com motivações políticas, na medida que o TJ foi alvo de protestos na semana passada devido à manutenção da suspensão das aulas presenciais no Estado. Houve protestos em frente à residência da juíza que decidiu contra o retorno das aulas presenciais em regime de bandeira preta. O TJ também não confirmou um pedido de resgate por parte dos criminosos.
Os cerca de 12 mil servidores do Judiciário estadual continuam com acesso remoto ao sistema vedado, bem como a utilização das estações de trabalho dentro da rede própria.