Marinha comprou comprimidos de viagra pelo dobro do preço, aponta Tribunal de Contas da União
Mais um escândalo: nova compra de viagra pela Marinha denunciada por deputado tem indícios de superfaturamento de 550%
Foto: Marinha do Brasil/ Comunicação Social/ Arquivo
Relatório técnico do Tribunal de Contas da União (TCU) apresentado na sexta-feira, 8, constatou superfaturamento na compra de comprimidos de Citrato de sildenafila 25mg pela Marinha brasileira em 2021.
O medicamento foi patenteado em 1996 pelo laboratório Pfizer e aprovado dois anos depois para ser usado contra a disfunção erétil. Com o nome comercial viagra, a droga foi a primeira pílula destinada ao tratamento de impotência sexual.
Para justificar a compra de remédios indicados para disfunção erétil, os militares alegam que o viagra é usado para combater a hipertensão arterial pulmonar, conforme liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Viagra mais caro na caserna
Cerimônia de promoção de militares no Hospital Naval Marcílio Dias, alvo da investigação
Foto: Marinha do Brasil/ Comunicação Social/ Arquivo
Segundo parecer dos auditores do TCU, o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, adquiriu 15.120 comprimidos pelo custo unitário de R$ 3,65. O valor pago representa mais do que o dobro da cotação feita pelo próprio governo federal para esse medicamento.
No Painel de Preços do governo federal para o período, o valor médio do comprimido de viagra está fixado em R$ 1,81.
Outro indicador de superfaturamento apontado foi a licitação do mesmo princípio ativo para atender ao Exército.
Uma semana depois da compra dos lotes de viagra superfaturados pela Marinha, no dia 14 de abril de 2021 o Hospital Central da força terrestre do Exército que também está localizado no Rio de Janeiro adquiriu o mesmo medicamento por R$ 1,50 a unidade.
A orientação dada no relatório é que o TCU estabeleça um prazo de até 90 dias para que o hospital da Marinha “adote as medidas administrativas pertinentes para apuração do débito e outras ao seu alcance, sem prejuízo de requerer ao órgão jurídico da estatal que adote as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis, com vistas à obtenção do ressarcimento do débito apurado, em valores devidamente atualizados”.
Prejuízo pode ser maior
Autor da representação que deu origem ao parecer, o deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) também denunciou outra compra de comprimidos de Citrato de sildenafila com indícios de superfaturamento de até 550%.
Vaz identificou um contrato do comando da Marinha com o laboratório EMS S/A para o fornecimento de mais de 11 milhões de unidades de 20, 25 e 50 miligramas, de 2019 a 2022.
De acordo com o Portal da Transparência e o Painel de Preços do governo há empenhos autorizados nos quais cada comprimido está cotado entre R$ 2,91 e R$ 3,14. O prejuízo às Forças Armadas pode passar de R$ 28 milhões.
“Nos hospitais públicos, falta até dipirona. E para as Forças Armadas o governo Bolsonaro libera compra superfaturada de Viagra”, critica o deputado.