PF realiza operação contra autores de vandalismo e patrocinadores de atos antidemocráticos
Foto: Polícia Federal/ Divulgação
Operação da Polícia Federal (PF) contra apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) envolvidos em bloqueios em rodovias e protestos em quartéis se iniciou na manhã dessa quinta-feira, 15, em sete estados e no Distrito Federal (DF).
Até o início da tarde, pelo menos 15 armas e munições, entre as quais um fuzil, uma submetralhadora e um rifle, foram apreendidas pelos agentes. No ES, foram alvos das buscas os deputados Carlos Von Schilgen Ferreira (Democracia Cristã) e Capitão Assumção (PL).
Foto: Tati Beling/ ALES
Ao todo são 104 mandados de busca e apreensão que envolvem também empresários que financiaram ou promoveram os atos antidemocráticos.
A operação está inserida no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos e ainda contempla mandados de prisão, quebra de sigilo bancário e bloqueio de contas de dezenas de empresários.
Foto: Ellen Campanharo/ ALES
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, afirmou na noite de quarta-feira que tinha ainda “muita gente” a ser presa e multada no âmbito de investigações sobre atos antidemocráticos e disseminação de fake news.
Moraes repercutiu declarações do ministro do STF, Dias Toffoli, sobre consequências da invasão ao Capitólio, nos Estados Unidos, onde 964 extremistas foram detidos. As declarações foram feitas no seminário STF em Ação, promovido pelo Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados.
Nesta quinta-feira, 15, o plenário do TSE confirmou a condenação do Partido Liberal (PL) ao pagamento de multa de R$ 22.991.544,60 por litigância de má-fé no processo relacionado aos questionamentos da coligação bolsonarista em relação às urnas eletrônicas.
Maior operação contra vandalismo
Em nota, a PF informou que na operação relacionada aos atos de vandalismo “as medidas estão sendo cumpridas nos estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e no Distrito Federal, em face de pessoas físicas e jurídicas identificadas pelas forças federais e locais de Segurança Pública”.
Até o momento, essa é a maior operação já realizada pela corporação contra financiadores de atos antidemocráticos.
A maior parte dos mandados de busca e apreensão estão sendo realizados no Espírito Santo. Lá são 23 ações dos agentes da PF.
Em seguida vêm os estados do Mato Grosso (20), Mato Grosso do Sul (17), Paraná (16) e Santa Catarina, com 15 mandados.
TSE abre apuração contra Bolsonaro
Também no último dia 14, o corregedor-geral do TSE, ministro Benedito Gonçalves, decidiu abrir apuração contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) por possíveis crimes eleitorais.
Gonçalves acatou a dois pedidos feitos pela coligação que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PL) para a presidência da República em outubro.
Na petição, a coligação de Lula indicou “atos atentatórios contra o sistema eleitoral brasileiro” antes e depois da eleição e abuso de poder político e econômico da chapa Bolsonaro/Braga Netto pela concessão de benefícios sociais durante a campanha.
Congressistas do PL também foram citados na ação por declarações contra o resultado das eleições.
O corregedor em sua decisão disse que na petição foram apresentados imagens, materiais gráficos e publicações nas redes sociais dos investigados contendo declarações públicas.
Rastro de violência
Imagem: CNN/ Reprodução
Rodovias em diversos estados começaram a ser bloqueadas por extremistas logo depois que o TSE declarou a vitória de Lula no segundo turno das eleições. Em seguida, manifestações antidemocráticas começaram a acontecer em frente aos quarteis das Forças Armadas. Nos primeiros dias, os pontos bloqueados chegaram a 321, mas foram diminuindo paulatinamente.
No entanto, vídeos que circulam nas redes sociais mostraram cenas de intimidações e até ação leniente de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em relação aos extremistas.
O ápice da ação dos bolsonaristas se deu no dia 12 de dezembro, durante a diplomação da chapa Lula/Alckmin no TSE.
Integrantes de um acampamento bolsonarista tentaram invadir a sede da PF em Brasília e atearam fogo em carros particulares e ônibus da capital federal.
O vandalismo foi motivado pela prisão do indígena José Acácio Serere Xavante, autodenominado cacique e pastor evangélico.
Natural do Mato Grosso, Serere liderou atos de vandalismo nos últimos dias em Brasília e chegou a convidar pessoas armadas para impedir a posse do futuro presidente.
O Extra Classe apurou em primeira mão que José Acácio já tivera um habeas corpus negado por ter sido preso por tráfico de entorpecentes. Ele ainda estava sendo financiado por fazendeiros em sua estada no DF.