JUSTIÇA

Em depoimento à PF, Bolsonaro diz que post com fake news teria sido acidental

Por determinação do ministro do STF, Alexandre de Moraes, ex-presidente foi interrogado pela PF sobre atos golpistas do dia 8 de janeiro e contrabando de joias
Da Redação / Publicado em 26 de abril de 2023

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Em depoimento à Polícia Federal, ele alegou que postagem questionando sistema eleitoral foi acidental

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal (PF), nesta quarta-feira, 26, conforme determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na investigação dos atos golpistas do dia 8 de janeiro.

De acordo com a defesa de Bolsonaro, cujo governo foi marcado pela produção e disseminação de fake news, a postagem feita por ele com mentiras sobre o sistema eleitoral teria sido “acidental”.

post levantou suspeitas do envolvimento do ex-presidente com os atos golpistas que resultaram na invasão e na destruição das sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Advogado de defesa de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, disse que o ex-presidente respondeu a todas as perguntas feitas no depoimento de hoje, e que teria, inclusive, repudiado os ataques do dia 8 de janeiro. “As eleições de 2022 são página virada para ele, que condena os atos em Brasília”, argumentou o advogado.

Ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, Wajngarten é investigado pela Polícia Federal desde janeiro de 2020 por suspeita de corrupção na distribuição das verbas de propaganda do governo. As suspeitas são de corrupção passiva, desvio de dinheiro e advocacia administrativa. O caso está com o juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney Oliveira e com o procurador Frederick Lustosa.

Acidental

A publicação de fake news em uma rede social pelo ex-presidente foi acidental, segundo a versão apresentada pelos advogados, após Bolsonaro tentar salvar o vídeo contendo informações falsas com críticas ao sistema eleitoral brasileiro e com questionamentos sobre o resultado das eleições.

Na avaliação do ministro do STF, Alexandre de Moraes, a referida postagem pode indicar ligação entre Bolsonaro e os atos golpistas, motivo pelo qual foi determinado à PF que o interrogasse.

Escândalo das joias

Perguntados sobre o caso das joias e dos presentes dados ao ex-presidente pelo governo da Arábia Saudita – e guardados na casa do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet – os advogados negaram qualquer irregularidade.

Com relação aos kits de joias, a defesa disse que, nem Bolsonaro, nem a mulher dele, Michele, sabiam de sua existência.

“Eles só souberam disso 14 meses depois (da entrada dos kits no país)”, afirmou o advogado Fábio Wajngarten no momento em que Bolsonaro já deixava o prédio da PF.

“O acervo se encontra temporariamente armazenado na fazenda do Nelson Piquet porque o presidente não tinha (na época) nem casa. Depois, ele (o kit com joias) seria remetido a outro lugar, para armazenamento adequado”, acrescentou.

Medo de um vexame

Ainda segundo o advogado de defesa, o pedido – para que as joias apreendidas pela Receita fossem entregues a representantes do governo – foi feito “uma única vez ao ajudante de ordens, a fim de evitar um vexame internacional, de um presente dado ao presidente do Brasil ir a leilão”, disse Wajngarten.

Ele acrescentou não ver motivos para a ex-primeira dama Michele Bolsonaro ser intimada pelos investigadores.

Segundo o outro advogado de defesa de Bolsonaro, Daniel Tesser, os kits com as joias foram recebidos pela comitiva brasileira em outubro de 2022. O conjunto apreendido foi o feminino, contendo um colar, um par de brincos, um anel, um relógio de pulso e um pedestal no formato de um cavalo. “Até então não se sabia o que havia ali”, alegou Tesser.

O kit feminino estava na mochila do então chefe do escritório de representação do Ministério de Minas e Energia (MME) no Rio de Janeiro, o militar Marcos André Soeiro. Já o masculino (e outros presentes) estava na mala de mão do ex-ministro do MME Bento Albuquerque, e foi liberado.

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