Cúpula da PM do DF é presa por sabotagem no dia 8 de janeiro
Foto: TV Globo/ Reprodução
Operação da Polícia Federal que ocorre desde a madrugada desta sexta-feira, 18, contra a cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PM/DF) a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) tem por base fortes evidencias de contaminação ideológica e sabotagem por parte dos investigados.
Essa é a síntese da denúncia do subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, coordenador das investigações sobre os atos antidemocráticos que depredaram as sedes dos três poderes no dia 8 de janeiro no órgão.
Segundo o documento que tem cerca de 200 páginas, não houve um apagão das forças de segurança do DF e de seus serviços de inteligência, mas uma ação deliberada para facilitar a ação dos vândalos.
A conclusão, dita claramente na denúncia da PGR que é recheada de provas como trocas de mensagens entre o alto comando da PM do DF, foi o que motivou a a chancela do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para o início da Operação Incúria.
Ao todo foram sete mandados de prisão cumpridos, além mandados de busca e apreensão.
Comando tinha informações detalhadas
A denúncia da PGR expõe conversas entre os militares que demonstram adesão a teorias conspiratórias que defendiam, por exemplo, a possibilidade de fraude nas eletrônicas, o que nunca ocorreu desde a adoção da tecnologia em 1996.
Também foi evidenciado que já na véspera, 7 de janeiro, a PM/DF tinha plena consciência não só da dimensão, mas, também, da gravidade do que estava por vir no dia 8.
Isso porque policiais infiltrados no acampamento golpista em frente ao Comando Geral do Exército faziam relatos regulares de chegadas de ônibus e do ânimo interno de realizar uma ação que instigasse uma intervenção das Forças Armadas.
A cúpula da PM ainda tinha conhecimento de uma milícia que atuava como segurança no acampamento.
Golpismo e covardia
Mais do que não tomar decisão nenhuma, a PGR mostra a intenção do comando em facilitar a ação dos vândalos, o que incluía até a promessa de uma reação caso a Força Nacional entrasse em operação no dia contra os golpistas.
Uma comparação feita fala por si só. A mobilização da PM para o dia da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a do dia 8.
Enquanto no dia 1° de janeiro cerca de 2 mil policiais estavam de serviço, no dia 8 o efetivo era de apenas 200.
Outro ponto destacado pela PGR é mais do que grave. No dia em que em que se sabia que podia haver confronto, policiais colocados no serviço foram aqueles que ainda estavam em formação.
A PGR é dura nessa evidência ao dizer em sua denúncia que foi uma atitude covarde da cúpula da PM/DF destacar agentes sem nenhuma experiência em risco e sob o comando de oficiais que compactuavam das ideias dos golpistas.
“Vai dar certo”, diz um dos comandantes ao debochar da atuação de cadetes, após ter sido confrontado com um informe que dizia que os golpistas estariam vindo para o “tudo ou nada”.
Para a PGR, a cúpula da PM/DF apostava em uma insurgência popular para manter Bolsonaro no poder.
Os alvos da operação:
Coronel Klepter Rosa Gonçalves (preso – atual comandante-geral da PM do DF);
Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues;
Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra;
Coronel Jorge Eduardo Naime;
Major Flávio Silvestre de Alencar;
Tenente Rafael Pereira Martins;
Coronel Fábio Augusto Vieira.