PF busca financiadores de ônibus que levaram bolsonaristas radicais a Brasília
Foto: Mídia Ninja/ Reprodução
A Polícia Federal deflagrou na manhã nesta terça-feira, 5, a 16ª fase da Operação Lesa Pátria, para identificar financiadores e pessoas que fomentaram os atos golpistas que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes do dia 8 de janeiro.
A PF também está apreendendo passaportes e armas de financiadores que custearam o transporte em massa para os atos golpistas no Distrito Federal e que tiveram os bens bloqueados pela justiça. Os danos nas sedes dos três poderes são calculados em cerca de R$ 40 milhões.
De acordo com a PF, 53 mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em sete estados, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Deste total, 12 estão sendo cumpridos em São Paulo; 26 em Minas Gerais; seis no Paraná; três em Santa Catarina; dois no Mato Grosso do Sul; e dois no Ceará.
No Paraná, a operação tem como alvo endereços de empresários na Região Metropolitana de Curitiba e em Francisco Beltrão, no sudoeste do estado.
Laranjas
Um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) enviado à Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) do Golpe em julho deste ano revelou que 83 pessoas e 13 organizações foram identificadas como financiadores dos coletivos que levaram a massa de bolsonaristas ao DF no 8 de janeiro.
Foram fretados 103 ônibus com o objetivo de transportar 3.875 manifestantes para a capital do país, na sua maioria oriundos das regiões Sul e Sudeste. Esse detalhe levantou a suspeita da Abin de que os vândalos teriam sido utilizados como “laranjas” para ocultar os verdadeiros financiadores das caravanas.
Insegurança
Foto: Polícia Federal/ Divulgação
Um levantamento do site Estradas identificou inúmeras irregularidades nos veículos usados para transportar os “manifestantes”.
Mais de 20% dos coletivos sequer poderiam pegar a estrada devido às péssimas condições de segurança, multas por excesso de velocidade.
O veículo de placas HXU1654, da Heuv Tur Viagens e Turismo Ltda., aparece no sistema do Dnit com mais de 100 multas acumuladas desde o ano de 2010 – todas por carregar mais passageiros do que o permitido.
Imagem: Dnit/ Reprodução
Já o ônibus placas NTQ8D39, da Novo Mundo Caminhões e Equipamentos Rodoviários, de Jaboatão (PE), estava com o cronotacógrafo vencido há mais de dois anos. O equipamento obrigatório serve para medir a velocidade do veículo em caso de acidente.
Já o coletivo placa OLN2A37, da Transmega Transportes e Turismo Eireli, foi flagrado em 28 de outubro de 2022 pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), no km 57 do trecho paranaense da rodovia Régis Bittencourt (BR-116), com um condutor que não tinha realizado o exame toxicológico obrigatório. Ele foi autuado em R$ 1.467,35 e sete pontos na CNH.
Cirurgia plástica
A PF não divulgou os nomes dos procurados.
Entre eles estariam a socialite Marici Junqueira de Andrade Bernade, o empresário e ex-candidato a deputado federal pelo PRTB do Mato Grosso do Sul, Rodrigo de Souza Lins, e o empresário do agronegócio, Rodrigo Augusto Albani Borini, filho do ex-prefeito de Birigui (SP) Wilson Carlos Rodrigues Borini.
A batida da PF na residência da socialite Marici Bernarde, em Araçatuba (SP), foi frustrada. Ela não estava em casa. O colunista do Metrópolis, Igor Gadelha, apurou que Marici estava na capital paulista nesta manhã, realizando uma cirurgia plástica.
Danos de R$ 40 milhões
“Foi determinada a indisponibilidade de bens, ativos e valores dos investigados. Apura-se que os valores dos danos causados ao patrimônio público possam chegar à cifra de R$ 40 milhões”, informou em nota a PF.
A operação ressaltou que a indisponibilidade se deve “à violência e ao dano generalizado” praticado contra “imóveis, móveis e objetos” do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF.
Ainda segundo a PF, a investigação apura a prática de crimes como os de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
Já foram cumpridos ao longo das investigações 78 mandados de prisão; 277 mandados de busca e apreensão; e foram instaurados 17 inquéritos.