PF apreende armas em casa de desembargador acusado de vender sentenças no Tocantins
Foto: Lucas Nascimento/TRE/Divulgação
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira, 23, nova fase da operação no Tocantins, desta vez contra magistrados do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins (TJTO) suspeitos de venda de sentenças.
Viaturas da PF amanheceram em frente à sede do Tribunal e alguns servidores não puderam entrar para trabalhar. Os agentes cumpriam dois mandados de prisão preventiva e 60 mandados de busca e apreensão, todos autorizados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Além do Tocantins, os mandados são cumpridos em Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Distrito Federal. Outras medidas foram ordenadas, como o afastamento de cargo público, o sequestro e a indisponibilidade de bens, direitos e valores dos envolvidos.
A PF não divulgou os nomes dos alvos das investigações, mas imagens da TV Anhanguera, filiada à Rede Globo no estado, flagraram agentes da PF na casa do desembargador João Rigo Guimarães, no município de Araguaína, no norte do Tocantins.
O magistrado que já foi presidente do TJTO de 2021 a 2023, atualmente preside o Tribunal Regional Eleitoral do estado. Em julho do ano passado, o Conselho de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil (Consepre) homenageou o desembargador João Rigo Guimarães com a Medalha de Reconhecimento do colegiado, quando ainda presidia o TRE-TO. A honraria foi “em reconhecimento aos trabalhos desempenhados e honrosa participação neste conselho”, como consta na placa assinada pelo desembargador Carlos Alberto França, presidente do grupo e do TJ de Goiás. Como não pôde estar presente no evento, a honraria foi entregue a representantes do TJTO participantes do encontro.
Além dos crimes de corrupção ativa e exploração de prestígio, a PF informou que apura a existência de uma organização criminosa e atos de lavagem de dinheiro.
“As investigações apuram suposta negociação para compra e venda de decisões e atos jurisdicionais, bem como condutas que visam lavar o dinheiro oriundo da prática criminosa investigada”, informou a corporação, em nota. O TJTO e o desembargador não responderam aos pedidos de entrevistas.
Há dois dias, a PF ter deflagrou no Tocantins a Operação Fames-19 contra o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), acusado de desvios na contratação de empresas para a distribuição de cestas básicas.