PF indicia dez indígenas milicianos por morte de jovem na reserva Cacique Doble
Foto: Polícia Federal/ Divulgação
A Superintendência da Polícia Federal no Rio Grande do Sul indiciou dez pessoas no inquérito que investiga o assassinato de uma adolescente indígena na reserva Cacique Doble, na região Noroeste do estado. O crime ocorreu em dezembro de 2023. Paola Rodrigues, de 13 anos, foi morta a tiros durante uma sequência de conflitos pela posse de terras na aldeia.
De acordo com o inquérito enviado pela PF ao Ministério Público, os autores do crime, todos indígenas, invadiram a casa onde a jovem vivia, na Terra Indígena Kaingang Cacique Doble, e a mataram a tiros.
Os indiciados vão responder pelos crimes de de homicídio qualificado, tentativa de homicídio, uso e disparo de arma de fogo, danos qualificados e milícia privada, de acordo com a participação de cada acusado. O crime foi enquadrado como hediondo, qualificado por motivo torpe, emprego de meios que representam perigo comum e pelo fato de a vítima ser menor de 14 anos. A pena estimada é de até 30 anos.
Disputa por terras na reserva
Foto: Reprodução
Os conflitos agrários entre grupos rivais são antigos na reserva de 4,4 mil hectares que foi homologada em 1991 e atualmente abriga ceraca de mil indígenas Kaingang e Guarani.
A privatização ilegal da área cultivável pelas próprias lideranças, que passaram a fazer arrendamento para plantio de grãos e determinaram quem pode e quem não pode plantar nos limites da reserva se intensificou a partir de 2022.
As lideranças privatizaram toda a área cultivável da terra indígena, destinando-a ao arrendamento, à exploração de grãos como o milho, trigo e, especialmente, a soja, e determinando quem pode e quem não pode plantar.
No dia 4 de dezembro do ano passado, um grupo armado invadiu a casa da jovem e atirou contra cerca de 15 pessoas, a maioria mulheres e crianças, que estavam no local, provocando a morte de Paola e ferindo outros dois jovens. O Ministério dos Povos Indígenas e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) mediaram um acordo entre os grupos rivais para cessar os conflitos.
Em março deste ano, a Operação Menés VI, da PF, prendeu 11 suspeitos e executou de mandados de busca e apreensão contra os suspeitos, mas todos foram beneficiados com medidas cautelares. Nenhum dos indiciados está preso.