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Notas

Publicado em 2 de junho de 1998

Trabalho em baixa
Está cada vez mais difícil virar classe média ou manter o padrão de vida igual ao dos pais. Esta foi uma das principais conclusões de um estudo do economista Márcio Pochmann, da Universidade de Campinas (Unicamp). A pesquisa analisou a evolução do mercado de trabalho brasileiro desde a década de 80 e comparou os resultados com o de países desenvolvidos. O resultado é desanimador. Na década de 90, o Brasil perdeu quase 2,5 milhões de empregos com carteira assinada dos 25,5 milhões que tinha ao final dos anos 80.

Baixa 2
Pochmann diz que o governo federal está errado ao considerar que o país está perdendo postos em funções antiquadas e ganhando em áreas novas, que exigem mais preparo do trabalhador. “A educação não garante a entrada no mercado de trabalho”, assegura. Os setores que mais contrataram na década de 90 são considerados, em geral, de baixa qualificação e que pagam mal. Estão sendo criadas mais vagas em profissões como faixineira, segurança e recepcionista, que já responderam por 8,5% do total das carteiras assinadas e hoje atingem 15,5%. Nestes setores, a remuneração média era de 1,9 salário mínimo por mês nos anos 80. Hoje é de 1,2.

Baixa 3
Na opinião do economista, o Brasil precisa também aumentar os investimentos públicos para gerar mais empregos. Construir estradas e hospitais, segundo ele, gera novas oportunidades não só na construção civil mas também nos novos serviços. Ele acredita que a reforma agrária também ajudaria a manter parte da população no campo.

Jovens suicídas
O número de suicídios entre jovens de 15 e 24 anos aumentou. Pesquisa divulgada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revela um crescimento de 40% dos casos nos últimos 16 anos. Em 1979, conforme o levantamento, foram registrados 208 suicídios nas principais capitais do país. Em 1995, essa estatística subiu para 292. A média mensal dos suicídios cresceu de 17,33 em 1979 para 24,33 em 1995. Em Porto Alegre, capital que apresenta os maiores índices, foram registrados 7,63 suicídios em cada 100 mil habitantes neste período. Segundo o psiquiatra José Ottoni Outeiral, que participou da pesquisa Suicídio e Tentativa de Suicídio na Adolescência, há três fatores que, juntos, colaboram para levar os jovens a tentar se suicidar:fatores interpessoais, profundamente relacionados ao âmbito familiar, as temáticas sociais, entre elas, a pressão do mercado profissional e as frustrações, e os aspectos orgânicos individuais.

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