Pólo Petroquímico exige monitoração constante
A implantação do Pólo Petroquímico do Rio Grande do Sul, no município de Triunfo, no início dos anos 80, gerou uma onda de contestação e atividades de protesto por parte de diversas entidades ambientalistas. Até mesmo uma Comissão de Luta Contra o Pólo Petroquímico, integrada por profissionais da área ambiental, jornalistas e estudantes universitários e do segundo grau, chegou a ser criada para estudar e denunciar os possíveis impactos da instalação do complexo industrial através de seus resíduos aéreos, sólidos e líquidos, com preocupação maior em relação à possibilidade de contaminação do lençol freático. Passados cerca de 20 anos, no entanto, tanta preocupação diante da implantação de um complexo industrial potencialmente poluidor não parece ter se diluído perante a constatação de que o pólo petroquímico de Triunfo não só não promoveu a anunciada apocalíptica devastação ambiental prevista na época de seu surgimento, como a adoção de recentes e inovadoras tecnologias anti-poluentes tem conferido ao pólo premiações e menções elogiosas por sua evidente preocupação com o meio ambiente. Não que a Copesul não emita resíduos poluentes, mas o tratamento desses resíduos tem sido ponto básico na administração.
Esse monitoramento constante leva a uma postura auto-crítica em relação a todo o sistema. “O volume de efluentes inorgânicos gerado em 1999 foi maior do que o obtido no ano anterior, principalmente devido a problemas operacionais na planta de osmose reversa e na nova torre de resfriamento,” aponta a publicação Segurança, Saúde e Meio Ambiente – Relatório de Desempenho 1999. Enquanto isso, a criação e manutenção do Parque Copesul de Proteção Ambiental têm favorecido a preservação de diversas espécies animais na região e o desenvolvimento de novas formas.
O Sistema Integrado de Tratamento de Efluentes Líquidos – Sitel – foi concebido antes mesmo da instalação do pólo, ainda em 1978, através da Corsan, para o tratamento exclusivo de efluentes líquidos gerados pelas indústrias do complexo. Nesse tratamento, efluentes orgânicos recebem atenção total em todos os estágios, enquanto o tratamento dos efluentes inorgânicos é mais simplificado pelo fato de já saírem das empresas atendendo aos padrões de disposição final do Sitel. Águas subterrâneas e o solo da área de disposição final dos efluentes também passam pelo monitoramento do Sitel.
Tanto cuidado e auto-crítica, no entanto, não eximem o Pólo Petroqímico do Rio Grande do Sul de uma severa fiscalização externa efetuada pela Fepam. André Milanez, engenheiro químico que responde pela fiscalização e monitoramento da área da Copesul por conta da Fepam, diz que “não se pode afirmar que inexistam riscos, mas são tomados todos os cuidados para que não haja qualquer tipo de acidente. O que se tenta é minimizar os riscos.” Segundo ele, o monitoramento para reduzir emissões fugitivas de efluentes do pólo também é uma das preocupações da Fepam e alerta que ainda não há resultados conclusivos no que se refere à questão dos lençóis freáticos. Para solucionar o problema das emissões fugitivas, embora não influam prejudicialmente no meio ambiente, a Fepam está exigindo maior vedação.
Conforme Milanez, é feito “um monitoramento mensal dentro dos padrões especificados pela lei para produtos plásticos” e desde que esse procedimento passou a ser adotado, em 1983, os valores verificados nunca ultrapassaram os limites estabelecidos pela Fepam com base em organismos internacionais de preservação do meio ambiente. O técnico ressalta, no entanto, que assim como na questão dos lençóis freáticos, “também ainda não são conclusivas as análises biológicas e toxicológicas referentes ao impacto ambiental das empresas do pólo petroquímico”.
Da parte da Copesul, é garante-se que o monitoramento interno é dos mais eficazes e desde a implantação do pólo tem sido procurada a qualidade máxima em termos de preservação do ambiente. Uma das conseqüências dessa preocupação diuturna foi a instalação de um sistema próprio para tratamento e destinação final dos efluentes evitando-se a contaminação direta da bacia hidrográfica local centralizada pelo rio dos Sinos.