Em Buenos Aires, os hermanos argentinos, desde junho de 2000, publicam a revista Hecho en Bs As (H.B.A). A iniciativa partiu de um grupo de jornalistas, artistas plásticos, poetas e outros colaboradores. Assim como as demais, tiveram a Big Issue londrina como referência. “Porém, sem as verbas milionárias dos ingleses”, destaca Patrícia Merkin, diretora editorial. A revista é repassada aos vendedores por 10 centavos e revendida nas ruas por 1 peso. Os vendedores buscam seus exemplares na própria redação de Hecho e nos locais e ONGs de apoio aos excluídos. “Nossa revista é de interesse geral, mas prioriza os temas sociais com uma ótica própria. Defendemos os direitos civis das pessoas que vivem nas ruas e da comunidade em geral”, acrescenta Patrícia. A tiragem é de 10 mil exemplares e beneficia cerca de 70 vendedores. As páginas dedicadas a livre expressão das pessoas que vivem nas ruas, segundo Merkin, são bastante comentadas pelos leitores comuns da revista. “Estas páginas despertam a inquietude nas pessoas e o questionamento”, diz. “As manifestações ocorrem livremente, por meio de poemas, opiniões, escritos em geral. Tudo sem seleção ou edição de qualquer tipo”, garante.
“O objetivo é dar oportunidade concreta de inserção social aos excluídos com vistas a autogestão, independência e responsabilidade individual de seus beneficiários”. Patrícia diz que a todos os casos de inclusão, a partir da revista são representativos. Para ela, assim que os moradores de rua iniciam-se na atividade de vendedores da HBA, acabam por recuperar, aos poucos, sua auto-estima e o contato direto com a comunidade. Recuperam assim, o principal, que é a palavra, depois de, em alguns casos, muitos anos de marginalização, violência, pobreza e discriminação. Cita o exemplo de Maria Ester, que por estar vendendo a revista, conheceu gente de livrarias e bancas, com as quais estabeleceu parcerias na forma de consignação. Ela mesmo administra sua pequena rede de vendas. Logo conseguiu um local vazio para se estabelecer. O know how, obteve nas ruas de Buenos Aires. Hoje, embora faça parte da economia informal, é dona de seu próprio negócio.