Foto: Igor Sperotto
Foto: Igor Sperotto
A pressão e as condições de trabalho ocupam hoje lugar de destaque entre os fatores externos que contribuem para os quadros de depressão e outros transtornos. E mais: são responsáveis por cinco das dez principais causas de afastamento do trabalho no País, segundo levantamento feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS). A Secretaria de Segurança Pública de Goiás, em recente pesquisa, constatou que os transtornos mentais e de comportamento são a principal causa de afastamento de policiais civis e militares do trabalho.
Estudo realizado pelo International Stress Management Association (ISMA –BR) com profissionais das mais diversas áreas de Porto Alegre e de São Paulo, revelou que 70% dos brasileiros carregam alguma sequela em decorrência da pressão profissional – cansaço excessivo, dores musculares e depressão são os sintomas mais comuns. Policiais e seguranças lideram o ranking, drama muito bem documentado no polêmico “Tropa de Elite”. Motoristas de ônibus, controladores de voo e bancários vêm em seguida.
Em Porto Alegre, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) avaliaram as condições de saúde mental de uma centena de motoboys em atividade e descobriram que 75% tinham ao menos um diagnóstico de doença psiquiátrica – crises de ansiedade, mudanças bruscas de humor, transtornos de personalidade, uso abusivo de álcool e drogas.
Além das condições inerentes à cada função, que por si só já propiciam um quadro de estresse, há ainda as pressões dos empregadores, o chamado assédio moral. As adversidades do trânsito, no caso de motoristas e motoboys, e a dura realidade com a qual os policiais se deparam todos os dias, empurram quase que automaticamente esses profissionais para um quadro emocional patológico. (Maricélia Pinheiro)