Manifestações mobilizam milhares de trabalhadores em Porto Alegre
Igor Sperotto
O Dia de Lutas pela reforma política, direitos dos trabalhadores e em defesa da Petrobras mobilizou centrais sindicais, sindicatos de trabalhadores e movimentos sociais desde o início da manhã desta quinta-feira, 12, no Rio Grande do Sul. A mobilização integra a agenda nacional de lutas das centrais em defesa do governo eleito e contra a especulação do mercado internacional na exploração do petróleo que, nos demais estados, terá manifestações na sexta-feira, 13. No RS, o movimento se antecipou para integrar 4 mil militantes da Jornada Nacional de Lutas da Via Campesina que estão acampados em Porto Alegre desde terça-feira.
A partir das 6h, trabalhadores de diversas categorias chegaram de ônibus do interior do estado e da Região Metropolitana para a concentração em frente à Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas. A pluralidade de movimentos representados no ato convergiu para manifestações em defesa da estatal. O presidente da CUT/RS, Claudir Nespolo, alertou que há interesses do setor privado envolvidos numa campanha de depreciação da estatal. O dirigente defendeu rigor nas investigações da Operação Lava Jato e lembrou que corruptos e corruptores só foram denunciados graças ao recurso da delação premiada e à independência da Polícia Federal e do Ministério Público.
“Temos lutado ao longo de muitos anos para que os royalties do petróleo sejam destinados para a Educação e não podemos nos furtar dessa luta em defesa da Petrobras, que foi a principal investidora na descoberta do Pré Sal. Se ela for privatizada, esse nosso grande patrimônio político, econômico, estratégico ficará na mão do setor mercantil internacional”, ressaltou Amarildo Cenci, diretor do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS) e secretário geral da Federação dos trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado do Rio Grande do Sul (FeteeSul). O diretor do Sinpro/RS, Marcos Fuhr, reforçou a pauta do movimento, que reivindica reforma política e a apuração de todos os problemas que têm surgido no âmbito da Petrobras. “Nós, mais do que ninguém, queremos ver essas denúncias esclarecidas e os responsáveis punidos”, ressaltou.
Às 9h, os militantes rumaram para Porto Alegre de trem, em carros e ônibus, para uma concentração em frente ao Instituto de Previdência do Estado (IPE). Liderado por servidores públicos, o ato denunciou o sucateamento da autarquia devido ao fechamento de unidades no interior, atrasos nos repasses a médicos, laboratórios e hospitais e falta de acesso dos servidores aos serviços. A diretoria administrativa do IPE concordou em receber dirigentes do Cpers. Alegou que os pagamentos estão em dia e que os médicos estariam negando atendimento como pressão por aumento salarial.
EM DEFESA DA DEMOCRACIA – Em seguida, os manifestantes seguiram em caminhada pela avenida Borges de Medeiros até o Largo Glênio Peres, no Centro, onde houve novas manifestações. Manifestantes da “CSP Conlutas” abandonaram a caminhada e foram direto para concentração no Palácio Piratini. Sob sol forte, em cima do carro de som da CUT/RS, no Largo Glênio Peres, novas manifestações de lideranças em defesa da Petrobras e de direitos. Uma das últimas a se manifestar, a vereadora e secretária estadual da Mulher do PCdoB, Jussara Cony, saiu em defesa da presidente Dilma e condenou manifestações de setores “golpistas”. “A presidente Dilma foi protagonista do processo democrático nesse país, uma democracia forjada por quem aprendeu a bater panela de barriga vazia”, comparou. Juliana Souza, da Juventude do PT, exaltou a pluralidade e a representatividade dos movimentos sociais nas manifestações. “Que esse ato do Rio Grande do Sul seja o grande ato que vai puxar a mobilização em todo o Brasil na defesa da democracia”, propôs.
O Dia de Lutas foi encerrado por volta das 13h, após nova caminhada até o Palácio Piratini. No asfalto em frente à sede do governo estadual, agricultores despejaram leite levado em um reboque puxado por trator, para protestar contra o preço pago ao produtor: R$ 0,60 por litro.
“Nosso movimento foi vitorioso, pois reuniu 10 mil militantes e contou com o apoio dos trabalhadores do campo representados pela FetrafSul, Via Campesina e MST. Não levamos mensagem contra ninguém, mas a favor da pauta da classe trabalhadora, que não se resume à questão salarial, mas é também a luta pela democracia e a reforma política. Temos certeza que a partir de agora a presidente irá rever as Medidas Provisórias que retiram direitos dos trabalhadores”, avaliou o presidente da CUT/RS, Claudir Nespolo.
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