Municipários pedem diálogo a Marchezan
Foto: AssCom Simpa/Divulgação
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Na manhã desta quarta-feira, 22 de agosto, os municipários de Porto Alegre completaram o 23º dia de greve da categoria e nem mesmo a chuva impediu que um grande número de servidores cercassem a prefeitura em ato no Paço Municipal reivindicando uma via de diálogo com o gabinete do prefeito.
O ato ocorre no último dia designado pelo juiz da 3ª Vara do Trabalho de Porto Alegre que durante audiência de conciliação deu o prazo até esta quarta-feira para que a Prefeitura apresente uma proposta. Os municipários farão assembleia nesta quinta-feira, 23, às 14 horas, na Casa do Gaúcho, quando serão decididos os rumos do movimento e será avaliada qualquer eventual proposta da prefeitura que surja até o final do dia.
Trata-se da segunda maior greve de municipários na história de Porto Alegre, só ficando atrás da ocorrida no ano passado que chegou a 40 dias, tanto em extensão como em adesão, ambas na gestão de Nelson Marchezan Júnior. Para o diretor geral do Simpa Alberto Terres, o prefeito não quer dialogar com a cidade, não quer dialogar com os servidores públicos municipais. “Nós estamos fazendo esse ato intitulado Diálogos pela cidade, em que lançamos uma carta assinada por dezenas de personalidades, entre elas cinco ex-prefeitos: João Dib, José Fortunati, Olívio Dutra, Tarso Genro e Raul Pont. Neste documento eles pedem o diálogo com os servidores e a cidade.
CÂMARA – Nesta manhã, os grevistas reiteraram também o pedido ao presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Valter Nagelstein, para que ele interceda junto ao gabinete do prefeito para que se abra um processo de negociação entre o executivo e os servidores. “Temos três poderes constituídos. O Judiciário já se manifestou garantindo a legalidade da greve, o executivo que não quis dialogar até agora, falta agora o parlamento municipal cumprir seu papel de tentar abrir um processo de negociação. E, esperamos que o presidente da Câmara consiga demover o prefeito de sua posição intransigente e avessa ao diálogo”, argumenta o sindicalista.
O municipários pretendem negociar com o prefeito a respeito da reposição da inflação, que não é paga desde o ano passado, e sobre as demais reivindicações da categoria, como, por exemplo, nomeações de concursados, melhores condições de trabalho e revogação do projeto de lei que estabeleceu uma Previdência Complementar ao funcionalismo. O movimento também contesta o desmonte da Fasc e a retirada de projetos educacionais e de cidadania das escolas.
TERCEIRIZAÇÃO – “Além dessas questões, somos totalmente contra a terceirização dos serviços. Hoje existe em curso uma proposta do prefeito e que está dentro do seu programa de governo de terceirizar o Dmae, o Pronto Atendimento Bom Jesus, os serviços da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc). Já temos provas suficientes de que a terceirização não resolve o problema da cidade, muito antes pelo contrário: precariza o serviço e o trabalho. Queremos também que haja a convocação das pessoas que fizeram concurso para as diversas áreas para suprir o déficit de servidores existente no município”, explica Terres.
DÉFICIT – Conforme o sindicalista, só na área da educação soma-se um déficit de 600 professores. No Hospital de Pronto Socorro (HPS), faltam 200 servidores e setores se encontram fechados por falta de pessoal. “Um hospital que é referência no Sistema único de Saúde (SUS), e que 100% da população pode demandar serviços, encontra-se precarizado por falta de servidores. Isso também faz parte da nossa pauta junto ao prefeito Marchezan, pois defendemos todas as políticas públicas, mas para que nós servidores possamos entregar este produto lá na ponta para o usuário do sistema nós precisamos ser valorizados e precisamos de contratação de pessoal para dar conta desse nosso trabalho que é executado diretamente com a população”.
Confira a pauta de reivindicações dos municipários.
Foto: AssCom Simpa/Divulgação
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CARTA ABERTA – Em apoio aos municipários e à busca pelo diálogo com o prefeito Nelson Marchezan para o estabelecimento de mesa de negociação para a data-base da categoria, ex-prefeitos, ex-governadores, artistas, intelectuais, representantes dos movimentos sociais e educadores assinaram carta intitulada “Porto Alegre pelo diálogo”.
Entre os que assinam a carta estão, além dos ex-prefeitos, o chargista Carlos Latuff, o músico Nei Lisboa, a professora Jaqueline Moll e a ex-secretária de Educação, Cleci Jurach, entre outros.
A carta diz que “A negociação é um dos princípios fundamentais da democracia. Buscar o diálogo sobre os problemas que devem ser enfrentados é imprescindível para a construção de uma sociedade ampla e igualitária, além de uma importante demonstração de boa vontade. Para que Porto Alegre volte a crescer, e reconheça-se em seu nome, é preciso soluções construtivas que incluam as diversas expressões. Tais soluções não se constroem de maneira simples, reducionista e desqualificando a trajetória do município”.
Também coloca que “Nós, que subscrevemos essa “Carta de Porto Alegre pelo Diálogo”, entendemos que a categoria municipária quer dialogar, e solicitamos essa disposição de ambas as partes, pelo bem maior da cidade e para fazer o que precisa ser feito. E isso, precisamos fazer juntos”.