Manifestação de agricultores contra reforma da Previdência paralisa Santa Cruz do Sul
Foto: Leonardo Savaris
Milhares de agricultores tomaram as ruas de Santa Cruz do Sul na manhã e início da tarde desta quarta-feira, 15, para protestar contra a reforma da Previdência. Somaram-se ao protesto, professores, estudantes e integrantes do movimento sindical e social da região à frente da Greve Nacional da Educação. Ao menos 22 escolas paralisaram as atividades no município – acompanhando o movimento nacional de manifestações contra cortes de verbas e ataques contra universidades e professores pelo governo federal.
O 9º Grito de Alerta promovido pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS) contou com o apoio da microrregiões Centro, Missões e Fronteira Noroeste, regionais sindicais e sindicatos de trabalhadores rurais, mas recebeu ao longo da manhã a adesão de professores, bancários, comerciários, vigilantes, entre outras categorias de trabalhadores. A União dos Estudantes Santa-Cruzenses (Uesc), o Movimento Mulheres em Luta (MML) e a CSP/Conlutas também participaram.
Foto: Leonardo Savaris
A concentração em Santa Cruz começou por volta das 8h, com a chegada de milhares de agricultores em ônibus, carretas e tratores ao Parque da Oktoberfest. Já passava das 10h quando a marcha – puxada por um tratoraço e carretas de campanha com parelhas de mulas – seguiu pelas principais avenidas até o centro do município. A marcha paralisou o centro da pacata Santa Cruz do Sul. Alguns transeuntes aplaudiram a presença de agricultores e a passagem das carretas e tratores em frente à paróquia São João Batista. “Queremos acordar a sociedade urbana para a importância do produtor rural, porque o morador da cidade precisa do agricultor ao menos três vezes por dia”, alertava um dirigente da Fetag no alto do carro de som.
“Se essa reforma da Previdência passar, será o fim não só do colono mas de todos os trabalhadores. O Brasil vai viver a maior crise, será um país de miseráveis”, disse o agricultor Elton Ritter, plantador de milho da região de Santa Rosa. Para Nelson Luís Dupont, 59 anos, fumicultor da região de Cerro Alegre, colônia de Santa Cruz do Sul, a reforma da Previdência representa o fim dos planos para a aposentadoria. “Se passar a reforma, será uma tragédia até mesmo para quem já se aposentou, porque todos vão perder”, alarma-se.
Durante as manifestações, dirigentes alertaram para o abandono de políticas públicas, de assistência técnica e os cortes sistemáticos de verbas promovidos pelo governo nos programas de apoio aos pequenos agricultores. Um exemplo é o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) que sofreu uma redução de 60% na suas linhas de subvenção, de R$ 4,3 bilhões para R$ 1,7 bilhão.
Foto: Leonardo Savaris
Os manifestantes promoveram atos em frente às agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal e, no final da marcha, uma concentração em frente à agência do INSS, junto à Praça Siegfried Emmanuel Heuser. Na avaliação do presidente da Fetag/RS, Carlos Joel da Silva, o movimento superou a expectativa de reunir 12 mil trabalhadores rurais. “Isso demonstra a capacidade de mobilização da agricultura familiar. Tivemos notícias boas durante o ato, como a suplementação de recursos do Banco do Brasil recém anunciada para a Fetag/RS. Estamos lá em Brasília com uma equipe reunida com o relator da reforma da Previdência, discutindo e colocando as nossas pautas, e aguardando uma reunião com o presidente da Câmara e com o Ministério da Agricultura para tratar do Plano Safra. Os objetivos do 9º Grito de Alerta, que eram também nos fazer ouvir lá em Brasília estão sendo alcançados”, comemorou.