Estudantes fazem ato em Porto Alegre contra a reforma da Previdência
Foto: Igor Sperotto
Os impactos da reforma da Previdência são tão impactantes para a sociedade que começam a preocupar desde já até mesmo jovens que ainda não têm sua primeira carteira de trabalho assinada. “A gurizada está acompanhando muito pelas redes sociais, e experimentando seus primeiros atos políticos. O momento é fértil”, expõe Januária Tinoco, aos 16 anos, consciente dos motivos que a levaram a participar da mobilização contra as decisões que vem sendo tomadas em Brasília e que vão afetar a aposentadoria dos trabalhadores”. Ativista do Grêmio Estudantil da Escola Padre Reus, ela afirma que o movimento secundarista pretende fazer “de cada escola uma trincheira para lutar contra essas medidas que fazem parte de um pacote neoliberal”.
Estudantes universitários estiveram entre os principais participantes da mobilização contra reforma da Previdência em Porto Alegre, que foi realizado no final da tarde em frente da Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que agregou ainda servidores públicos, professores e diversas categorias de trabalhadores. “As centrais sindicais decidiram se unir”, ressalta o representante da Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT/RS), Amarildo Cenci.
Foto: Igor Sperotto
Cenci anunciou a realização de uma grande campanha de conscientização para esclarecimento da população e de uma greve nacional na área da educação em 13 de agosto, que deverá se estender para uma greve geral. O objetivo é pressionar parlamentares que ainda vão para outra etapa de votações, agora no Senado. Ele acentuou que a intenção do governo é aglutinar forças para a continuidade dos ataques às universidades, cujos cortes afetaram algumas com prejuízos em áreas essenciais como limpeza, segurança e fornecimento de energia elétrica.
“Eles não imaginaram que as centrais sindicais estariam unidas neste momento”, afirma a professora Rejane de Oliveira, dirigente da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), referindo-se a governos e parlamentares, “a ultradireita que sistematicamente ataca não apenas a classe trabalhadora, mas negros, negras, índios e LGBT, e que certamente não imaginavam que em apenas seis meses de governo tanta gente que votou em Bolsonaro já estaria se sentindo traída e consciente de seu voto equivocado”. A sindicalista considera que durante o recesso do Congresso Nacional os movimentos sociais devem repudiar parlamentares favoráveis à reforma. “Devemos, sim, constrangê-los. Onde estiverem, em seu dia-a-dia”.
Presente na manifestação na Faced, a presidente do Cpers-Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, enfatizou a necessidade de uma discussão nacional aprofundada. “Não basta estarmos nas ruas, mas precisamos debater o destino deste país”. Ela enfatizou que os cidadãos em geral devem se conscientizar de que devem escolher candidatos por seus partidos. “Fico até triste de ouvir eleitores que dizem votar em pessoas, e não em partidos”. Ela considera que conscientes desse tipo de escolha, os partidos acabam buscando candidatos que enganem os eleitores, como se não fizessem parte dos partidos.