Cresce greve do magistério estadual no RS
Foto: Igor Sperotto
A ameaça do governador Eduardo Leite de cortar o ponto dos professores grevistas a partir desta segunda-feira, 25, e não negociar em hipótese alguma a compensação dos dias parados não surtiu efeito entre a categoria, em greve há seis dias: balanço do comande de greve nesta tarde aponta que o movimento se ampliou, atingindo agora 1.533 escolas – das quais 773 totalmente paradas. Isso significa cerca de 65% de toda a rede pública de ensino do Estado.
Foto: Comunicação Cpers/Sindicato
Uma reunião de avaliação do movimento, realizada nesta tarde, na sede do Cpers-Sindicato em Porto Alegre, sinaliza que a paralisação ganhou força em todas as regiões do Estado. Na Capital, segundo o levantamento, são 63 unidades completamente paradas e outras 33 com funcionamento parcial, a maioria delas com menos de 5% de atividades docentes.
Em Passo Fundo são 38 escolas com 100% de greve, enquanto em Canoas há 37 estabelecimentos de ensino nessa situação. Em Erechim, o Cpers aponta que a greve atinge totalmente 47 escolas e parcialmente outras 14, totalizando 61 unidades. Cidades como Santa Cruz do Sul, Palmeira das Missões, Osório e Pelotas também registram granes adesões.
“Seria cômico se não fosse trágico o governador nos ameaçar com corte de ponto. Quem pode cortar salário de quem não recebe? Ingressamos com um pedido de liminar para impedir o governo de adotar essa medida, até porque o STF já se pronunciou duas vezes impedindo cortes de funcionários que não recebem em dia”, disse a presidente do Cpers-Sindicato, Helenir Schürer.
Nesta terça-feira, 26, os professores realizam nova assembleia geral, às 13h30, em frente ao Palácio Piratini, para debater os rumos da paralisação. Às 16h, participam do ato unificado dos servidores públicos em protesto pelo atraso nos salários do funcionalismo, que já completou 47 meses.
A secretaria de Educação do Estado começou a enviar ofícios nesta segunda-feira às escolas paralisadas informando sobre o corte do ponto. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, os ofícios são encaminhados às coordenadorias regionais para que, dali, sejam distribuídos às escolas.
A decisão de cortar o ponto foi anunciada por Leite na sexta-feira porque, segundo ele, não há justificativa para a greve. O Cpers-Sindicato informou que nenhuma escola foi notificada ainda sobre a decisão do governo. A secretaria reconheceu que a greve cresceu nos últimos dias e atinge cerca de 45% da rede pública de ensino.
A greve é pela regularização do pagamento dos salários, por reajuste imediato e contra o pacote de reforma administrativa enviado pelo governo à Assembleia no dia 13 de novembro. O pacote de Leite motivou uma mobilização intensa por parte de outras categorias, que anunciam greve geral para esta terça-feira, 26.
As carreiras de Estado justificam que serão afetadas diretamente pelo arrocho que resultará das medidas propostas pelo governo, entre elas a redução salarial devido à cobrança de alíquotas previdenciárias de aposentados e a incorporação de vantagens ao piso salarial do magistério, como forma de iludir a sociedade gaúcha sobre o cumprimento da lei.