Centrais sindicais e servidores alertam sobre risco de colapso na Previdência
Foto: Igor Sperotto
Foto: CUT-RS/ Divulgação
“O caos e o descalabro dentro do INSS são impressionantes”, afirmou o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, durante o ato que marcou o Dia Nacional de Mobilização contra o Desmonte do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), realizado nesta sexta-feira, 14, no Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre e principais cidades do interior foram organizados atos com distribuição de panfletos e esclarecimentos à população sobre o esvaziamento do sistema de seguridade pelo atual governo.
Na capital gaúcha, servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e demais centrais sindicais e sindicatos de trabalhadores de diversas categorias realizaram manifestações em defesa da Previdência Social e contra o sucateamento dos serviços públicos em frente ao prédio do INSS, no Centro Histórico. De acordo com o movimento, são mais de 2 milhões de segurados à espera de atendimento em todo o país.
A mobilização iniciou com um “bom dia à Previdência” para denunciar o caos instalado na seguridade social pelo governo Bolsonaro. A partir das 7h foram distribuídos de panfletos para a população. A crise no INSS foi denunciada em atos das centrais nas principais capitais. “O sistema entrou em colapso. Filas enormes, tanto virtuais quanto nas agências, o povo sofrendo com a precariedade dos serviços e trabalhadores sobrecarregados, adoecendo. É a trágica situação do INSS atualmente”, denuncia o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre.
“Estamos protestando contra o sucateamento e a destruição da Previdência em consequência da falta de investimentos e da má gestão do governo federal e queremos alertar que a população tem que exigir que os problemas sejam resolvidos”, destacou Amarildo Cenci, presidente da CUT-RS.
O caos instalado na Previdência a partir do governo Temer, explica o dirigente, exige a reabertura de agências, a criação de uma força-tarefa com os aposentados da própria seguridade e a convocação dos aprovados no concurso do INSS de 2015, além da realização de um novo concurso ainda neste ano.
Cenci destaca que o quadro de servidores caiu de 33 mil em 2016 para 23 mil atualmente. “Além disso, a gestão atual decidiu colocar funcionários que atendiam o público na retaguarda em trabalhos internos e todo atendimento que era feito no balcão passou a ser feito por meio do INSS Digital. O resultado é a sobrecarga do INSS, com alta demanda de pedidos de concessão de benefícios, como aposentadoria e auxílio-doença, e a falta de funcionários piora o problema. Atualmente são mais de 2 milhões de brasileiros aguardando análise dos pedidos”, ressalta.
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O diretor do Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência (Sindisprev), Daniel Emmanuel, ratifica que mais de 2 milhões de pessoas aguardam há meses ou até mesmo anos por respostas do instituto e que faltam servidores para suprir as vagas abertas com as aposentadorias. Segundo o sindicalista, é inaceitável que o atendimento dos segurados pelo fone 135 seja cobrado se a ligação não for feita de um telefone fixo.
Outro exemplo da restrição no atendimento provocada pelo descaso e pelo corte de servidores, segundo Emmanuel, é a redução dos atendimentos. De um total de 96 serviços que eram prestados pelas agências, somente três seguem sendo feitos de forma presencial. Os pedidos de aposentadorias, pensões, salário-maternidade, só podem ser encaminhados através do app MEU INSS ou o 135. “São mais de 19 mil postos de trabalho em aberto no INSS. Nos últimos cinco anos, mais de 10 mil servidores se aposentaram. No Rio Grande do Sul, faltam mais de 1.100 servidores”, destaca o diretor do Sindisprev.
Foto: Igor Sperotto
Dirigentes da CUT e demais coletivos de sindicatos de trabalhadores, como a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e da Central Sindical Popular (CSP/Conlutas) se revezaram nos pronunciamentos que, além de rechaçar as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que na semana passada qualificou servidores públicos de “parasitas” foram unânimes em rejeitar a proposta do governo federal de contratar 7 mil militares aposentados para prestar o atendimento à população nas agências do INSS. “O governo federal alega que a medida é para resolver a fila de dois milhões de pedidos de benefícios em atraso. No entanto, esses militares não conhecem as leis da Previdência Social e os sistemas do INSS”, criticou o dirigente do Sindisprev.
Em nota, o INSS informa que está implementando um “conjunto de medidas para agilizar o atendimento e que “o tempo médio de concessão dos benefícios previdenciários está em queda” de 84 dias em julho de 2019 para 70 dias atualmente”.
LUTA HISTÓRICA – O deputado federal Henrique Fontana (PT-RS) afirmou que “o direito à Previdência pública digna é uma luta histórica dos trabalhadores do mundo inteiro ao longo de décadas e séculos”. O parlamentar defendeu a importância dos serviços públicos. Em um período histórico como o de hoje, onde o fanatismo liberal daqueles que não se importam com a concentração de renda chega ao patamar mais elevado, é justamente quando mais precisamos de políticas públicas para a população mais carente”, disse. “Quando alguém precisa de internação médica, de uma cirurgia ou entra em trabalho de parto, não podemos medir a necessidade da pessoa através de sua conta bancária”, enfatizou Fontana.