MOVIMENTO

Centrais sindicais apoiam transporte de oxigênio da Venezuela

Iniciativa liderada pela CUT e Força Sindical oferece mão de obra e peças de reposição para os caminhões que chegam ao Amazonas pela fronteira com Roraima
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 20 de janeiro de 2021

 

O chanceler venezuelano Jorge Arreaza lembrou que o bloqueio dos EUA prejudica a ação solidária ao Brasil

Foto: Ministerio del Poder Popular para Relaciones Exteriores

O chanceler venezuelano Jorge Arreaza lembrou que o bloqueio dos EUA prejudica a ação solidária ao Brasil

Foto: Ministerio del Poder Popular para Relaciones Exteriores

As principais centrais sindicais brasileiras irão dar suporte aos comboios venezuelanos que estão trazendo o oxigênio doado pelo governo de Nicolás Maduro para o Amazonas. Na última semana, o estado entrou em colapso de abastecimento do gás para atendimento de urgência a vítimas da covid-19.

“Esse acordo mostra que sabemos agir frente a um governo incompetente e criminoso para salvar vidas dos trabalhadores e também a solidariedade entre os países latino-americanos”, criticou Nobre, da CUT

Foto: Roberto Parizotti/ CUT

“Esse acordo mostra que sabemos agir frente a um governo incompetente e criminoso para salvar vidas dos trabalhadores e também a solidariedade entre os países latino-americanos”, criticou Nobre, da CUT

Foto: Roberto Parizotti/ CUT

O acordo foi fechado na terça-feira, 19, em reunião virtual com o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza. A iniciativa foi liderada pela CUT e pela Força Sindical, que tomaram conhecimento dos problemas logísticos da operação do país vizinho que não conta com a simpatia do governo Bolsonaro.

A entidades representativas dos trabalhadores do Brasil colocaram à disposição da operação de solidariedade da Venezuela mão de obra e peças de reposição para caminhões que entram no Brasil pela fronteira do estado de Roraima.

Pelo acordo de “colaboração e solidariedade de classe”, a Venezuela fornecerá 80 mil litros por semana de oxigênio hospitalar à capital do Amazonas. O volume de oxigênio que será enviado a Manaus semanalmente equivale à soma de três dias de produção das fábricas  locais que fornecem o insumo à capital amazonense.

Segundo o chanceler venezuelano, a manutenção da frota é a parte mais difícil da iniciativa devido à escassez de peças de reposição no país, causado pelo bloqueio econômico dos Estados Unidos.

No mesmo dia que se firmava o acordo entre as sindicais e o governo da Venezuela, seis caminhões transportando 136 mil litros de oxigênio chegaram a Manaus para ajudar a amenizar o colapso do sistema de saúde na capital manauara, que tem 2,2 milhões de habitantes.

Novos carregamentos de oxigênio devem chegar a Manaus na próxima semana

Foto: MPPRE/ Twitter

Novos carregamentos de oxigênio devem chegar a Manaus na próxima semana

Foto: MPPRE/ Twitter

“Esse acordo é uma conquista do movimento sindical, da classe trabalhadora. Mostra, mais uma vez, que sabemos agir frente a um governo federal incompetente e criminoso, para salvar vidas dos trabalhadores, mostra também a solidariedade entre os países latino-americanos, entre o Brasil e a Venezuela, diante de uma crise sanitária que assola nosso país. Faremos tudo o que estiver ao alcance da CUT e do Fórum das Centrais para impedir que trabalhadores morram por falta de oxigênio. Toda gratidão ao povo venezuelano e ao presidente Nicolás Maduro”, disse Sérgio Nobre, presidente da CUT.

MÉDICOS – Jorge Arreaza, na ocasião ainda reafirmou que 107 médicos venezuelanos e brasileiros formados pela Escola Latino-Americana de Medicina de Caracas se ofereceram para ajudar o Amazonas diante da crise instalada.

O presidente da Venezuela afirmou recentemente que a situação em Manaus é um “escândalo” e que “a Venezuela estendeu sua mão solidária ao povo do Amazonas”. O governo Bolsonaro não reconhece a legitimidade de Maduro e desde a posse seu governo é marcado por hostilidades contra a Venezuela.

“Lamento que o Brasil enfrente um boicote do seu próprio presidente da República. Nós sabemos bem o que é sofrer um boicote, mas aqui na Venezuela temos governo, temos um presidente que governa para o povo e pelo povo”, criticou Arreaza.

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