MOVIMENTO

Marcha virtual marca abertura do Fórum Social Mundial 2021

Movimento de contestação ao neoliberalismo, criado em 2001 como contraponto ao Fórum Econômico de Davos vai debater, até 31 de janeiro, um mundo possível pós-pandemia
Por Gilson Camargo / Publicado em 14 de janeiro de 2021
Marcha do Fórum Social Mundial 2016, no centro de Porto Alegre

Foto: FSM Arquivo/ Divulgação

Marcha do Fórum Social Mundial 2016, no centro de Porto Alegre

Foto: FSM Arquivo/ Divulgação

A 20ª edição do Fórum Social Mundial (FSM) começou às 11h deste sábado, 23, com programação integralmente virtual devido à pandemia. O evento segue até o dia 31 de janeiro com uma extensa programação sob o slogan Um Outro Mundo é Possível Pós-Covid-19. Esta será a mais extensa e diversa edição do FSM em duas décadas justamente por ser virtual: a programação abrange os diferentes fusos horários para realizar painéis de audiência global. Até a véspera da abertura, mais de 6 mil debatedores e organizações já estavam inscritos, com mais de 600 atividades sugeridas pelos participantes.

A escritora africana antiglobalização Aminata Traoré

Foto: Forodeinovacionsocial.org

A escritora africana antiglobalização Aminata Traoré

Foto: Forodeinovacionsocial.org

A secretária-geral do Conselho de Educação Popular de América Latina e Caribe (CEAAL), a mexicana Rosy Zúñiga, que integra a organização do FSM2021 lembrou em coletiva realizada na quinta-feira, 21, que esta edição seria sediada pelo México, mas a pandemia forçou a mudança do evento para o modo virtual. A programação é transmitida pelas páginas do Fórum Social Mundial, pelo Facebook e Youtube.

“Estamos contentes com esse processo que temos preparado com muito entusiasmo, sobretudo para celebrar os 20 anos do Fórum Social Mundial. Serão dias de mobilização global contra esse sistema que oprime a todos e a todas, para levantar as vozes e denunciar todas as injustiças. Nos unimos para ter uma jornada de 9 dias de ação intensas que começa com a marcha global, de 24 horas por todo o globo terrestre, onde todos os povos se unirão e farão suas denúncias”, explicou.

A escritora e ativista antirracista norte-americana Angela Davis

Foto: Divulgação

A escritora e ativista antirracista norte-americana Angela Davis

Foto: Divulgação

Após a tradicional marcha de abertura, que nesta edição ocorreu de forma virtual, com exibição de vídeos de lutas sociais no planeta, a programação segue com um painel global sobre o tema “Qual o mundo que queremos hoje e amanhã”, com a participação de conferencistas e ativistas de todo o mundo.

Entre os participantes já confirmados estão a professora, filósofa, escritora e ativista antirracista norte-americana Angela Davis, a escritora africana antiglobalização Aminata Traoré, o ex-ministro de Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, o ambientalista indiano Ashish Kothari e a professora Leila Khaled, da Frente Popular pela Libertação da Palestina.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos primeiros nomes a serem confirmados entre os conferencistas, não irá participar do evento. De acordo com o jornalista Carlos Tibúrcio, integrante da comissão organizadora do Fórum, o ex-presidente está muito abatido, recuperando-se da covid-19. Ele enviou nota na qual destaca que “o mundo pós-pandemia está em uma disputa política. Não está decidido ainda que mundo teremos depois e o FSM é uma voz de esperança para a humanidade, para termos um mundo melhor”.

Yanis Varoufakis, ex-ministro de Finanças da Grécia

Foto: Twitter/ Reprodução

Yanis Varoufakis, ex-ministro de Finanças da Grécia

Foto: Twitter/ Reprodução

O Fórum Social Mundial é um contraponto ao Fórum Econômico Mundial, que reúne os grandes capitalistas do mundo e será realizado no mesmo período em Davos, na Suíça. A Carta de Princípios do FSM resume o movimento como “espaço internacional para a reflexão e organização de todos os que se contrapõem à globalização neoliberal e estão construindo alternativas para favorecer o desenvolvimento humano e buscar a superação da dominação dos mercados em cada país e nas relações internacionais”.

O ambientalista indiano Ashish Kothari

Foto: Shruti Ajit

O ambientalista indiano Ashish Kothari

Foto: Shruti Ajit

TRAGÉDIA GLOBAL – “O mundo está vivendo situações trágicas, não só com a pandemia. Mas com o agravamento muito intenso da desigualdade social, da questão ambiental em todas as partes. São crises do capitalismo que se superpõem e se realimentam”, afirmou o jornalista Carlos Tibúrcio, co-fundador do FSM, para quem o evento “é uma voz de esperança”.

As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo pretendem realizar um protesto contra os desmandos e autoritarismos do governo de Jair Bolsonaro. “Queremos dar uma dimensão internacional à postura de crítica e combate a esse governo neofascista”, destacou Tibúrcio.

Leila Khaled, da Frente Popular pela Libertação da Palestina

Foto: Reprodução

Leila Khaled, da Frente Popular pela Libertação da Palestina

Foto: Reprodução

PROGRAMAÇÃO – Após a abertura, serão realizados seis dias de discussões, com cinco painéis temáticos: Paz e Guerra; Justiça Econômica; Educação, Comunicação e Cultura; Feminismo, Sociedade e Diversidade; Povos Originários e Ancestrais; Justiça Social e Democracia; e Clima, Ecologia e Meio Ambiente. Os debates ocorrerão entre as 14h e 16h.

Já no dia 30 será a vez das assembleias autônomas dos movimentos. E, no dia 31, acontecerá a realização das Ágoras de Futuros, que irão definir as lutas sociais para o próximo período, e a cerimônia de encerramento, que também anuncia a próxima edição do Fórum, planejada para o México, mas ainda sem data definida em função da pandemia.

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