O “outro mundo possível” tem economias transformadoras e soberania digital
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Durante o Fórum Social Mundial 2021, representantes dos movimentos Economias Transformadoras e de Internet Cidadã e soberania digital, fóruns gerados no contexto das edições anteriores do FSM, aproveitaram para apresentar suas propostas e anunciar as próximas ações na construção de alternativas à ordem econômica vigente.
“As economias transformadoras colocam o eixo de rotação da economia na vida em comum e na sustentabilidade, em vez da hegemonia do capitalismo decadente”, explicou ao Extra Classe Paco Hernández, do Coletivo Autogestionário de Solidariedade da Área Latina (Casal), em entrevista virtual concedida junto com Andrea Rodríguez Valdés, de Barcelona, Espanha.
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Segundo Andrea, que é articuladora do Fórum de Economias Transformadoras, há cerca de 400 organizações da América Latina e Caribe engajadas no Fórum, com atuação em economia social e solidária, economia feminista, de gestão comunitária, de agroecologia e movimentos de soberania alimentar.
“É importante reconhecer como o poder gera uma enorme violência que tem nome e sobrenome, e está sendo exercida nas ruas, em todos os lugares. Mas há diferentes movimentos construindo outros mundos possíveis”, informou Andrea.
O Fórum possibilita identificar confluências e incentiva a fazer alianças, desde assembleias entre vizinhos até confluências territoriais.
Hernández salientou que, em meio à pandemia de covid-19, assim como em crises anteriores, a economia social e solidária se apresenta, uma vez mais, como uma alternativa.
Por outro lado, é preocupante o aumento do teletrabalho, do desemprego e da precarização do trabalho por aplicativos. Além disso, também devido à pandemia, as mulheres estão de novo confinadas em casa, à mercê de seus violadores; jovens estão sem perspectivas.
“As economias transformadoras se opõem a tudo isso”, disse Andrea, que está elaborando um projeto para atrair jovens. Outro eixo do Fórum é a luta em prol do comum: direito à água, à eletricidade, e, inclusive, ao uso das tecnologias com autonomia. “É chave ter as próprias ferramentas”, acrescentou Hernández.
Soberania digital
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O capitalismo se renovou, e hoje o extrativismo digital (ou de dados) faz as empresas de tecnologia disputarem o mercado, valendo tanto ou mais que o petróleo, a indústria automotiva e a venda de armas, alertou, por sua vez, da Argentina, Javier Tolcachier, integrante do Fórum Internet Cidadã.
Tolcachier, que é pesquisador do Centro Mundial de Estudos Humanistas e comunicador da agência Pressenza, informou que o Fórum Internet Cidadã está concluindo um diagnóstico sobre os impactos da Era Digital e em março de 2021 deverá acontecer uma plenária do movimento para traçar um plano de ação comum.
Ele cita elementos que devem estar na estratégia de ação: 1) denunciar a violação de direitos à proteção de dados e criar consciência da necessidade de uma ação coletiva: 2) incorporar a soberania digital no programa de luta em eixos transversais comuns; 3) potencializar alternativas existentes e mudar hábitos de uso; 4) apoiar projetos políticos de emancipação digital.