MOVIMENTO

Motoristas de aplicativos de transporte de passageiros fazem nova paralisação nacional

Categoria reivindica reajuste de tarifas e fim dos descontos que reduzem a remuneração pelas corridas. Valor do quilômetro rodado caiu R$ 0,30 nos últimos seis anos em Porto Alegre
Da Redação / Publicado em 16 de março de 2021
Mais de 4 milhões de brasileiros tiram seu sustento como motoristas de aplicativos

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Mais de 4 milhões de brasileiros tiram seu sustento como motoristas de aplicativos

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Condutores de aplicativos de passageiros das empresas Uber, 99, Cabbify e Indriver fazem nova paralisação estadual nesta quarta-feira, 17, em todo o país. Os trabalhadores que já haviam paralisado no dia 23 de fevereiro reivindicam reajuste de tarifas com a atualização do valor do quilômetro rodado e o fim das promoções 99 Poupa e Uber Promo, que reduzem a sua remuneração ao conceder descontos aos usuários. No Rio Grande do Sul haverá mobilizações em Porto Alegre, Canoas, Eldorado do Sul, Guaíba e Caxias do Sul.

Na capital gaúcha, motoristas farão concentrações em vários pontos, saindo depois em carreatas até as sedes dos aplicativos. Uma das concentrações, apoiada pelo Sindicato dos Trabalhadores de Aplicativos (Simtrapli-RS) e pelo grupo Uber na Quebrada, será realizada no Porto Seco, na zona norte da cidade.

“Buscamos melhorias para a categoria, como o aumento das tarifas aos motoristas e o fim dos produtos Uber Promo e 99 Poupa. Os custos para manter a ocupação estão muito altos, com pouco retorno para os trabalhadores”, afirma Carina Trindade, secretária-geral do Simtrapli-RS.

Condutores de transporte por aplicativos reivindicam fim das promoções e reajuste do quilômetro rodado

Foto: CT-RS/ Divulgação

Condutores de transporte por aplicativos reivindicam fim das promoções e reajuste do quilômetro rodado

Foto: CT-RS/ Divulgação

Em 2015, o valor pago por quilômetro rodado aos motoristas era de R$ 1,25. Atualmente, os aplicativos pagam R$ 0,95 na capital e R$ 0,90 na Região Metropolitana. No início havia um desconto de 25% nas corridas. Agora o percentual de desconto varia entre 25% e 40%. Ou seja, os custos aumentaram, mas a remuneração dos motoristas caiu, aponta a categoria.

Além disso, os trabalhadores argumentam que têm sofrido com o impacto do aumento dos preços dos combustíveis, por conta da “política desastrosa da direção da Petrobras nomeada pelo governo Bolsonaro”. Também o seguro dos veículos, o aluguel dos automóveis, a manutenção dos carros e rastreadores sofreram reajustes nesses anos, o que deixa o ganho ainda menor para os prestadores dos serviços.

Segundo Claudir Nespolo, secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, a organização e a mobilização da categoria são fundamentais para construir alternativas e pressionar, visando a regulamentação da atividade, seja no âmbito nacional, através do Congresso Nacional, seja em nível estadual ou por iniciativas municipais.

“O avanço da tecnologia não pode precarizar o trabalho, mas garantir melhorias de renda e de condições de saúde e segurança. A regulamentação é uma forma de assegurar proteção social e trabalhista para os motoristas de aplicativo”, defende Nespolo.

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