MOVIMENTO

Centrais sindicais promovem dia nacional de mobilização #600ContraFome nesta quarta, 26

Defesa do auxílio emergencial de R$ 600,00 contra a fome e a alta do custo dos alimentos terá atos em Brasília, nas capitais e grandes cidades pelo país
Por Gilson Camargo / Publicado em 25 de maio de 2021

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo realizam nesta quarta-feira, 26, a mobilização nacional #600ContraFome, em defesa do auxílio emergencial de R$ 600,00, contra o desemprego, a fome e o descontrole de preços.

Simultaneamente ao ato nacional que será realizado na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, às 10h, com transmissão pelas redes sociais das entidades, haverá mobilização nas capitais e grandes cidades pelo país.

Em Porto Alegre, a CUT-RS e os movimentos sociais farão um ato simbólico na Praça da Matriz, em frente ao Palácio Piratini, no centro da capital, em defesa de “vacina no braço e comida no prato”, “por vacina já para todos e todas”, auxílio emergencial de R$ 600, contra as privatizações e não à reforma administrativa.

Amarildo Cenci, presidente da CUT/RS

Foto: Igor Sperotto

Amarildo Cenci, presidente da CUT/RS: O país precisa retomar o auxílio emergencial de R$ 600,00 que beneficiou em torno de 68,5 milhões de pessoas em 2020

Foto: Igor Sperotto

O ato na capital gaúcha está marcado para às 10h, mas a mobilização deve começar às 7h, com a exibição de faixas e cartazes em viadutos e passarelas para chamar a atenção da sociedade para o aumento da pobreza, agravada pela pandemia.

“Os governos Bolsonaro e Eduardo Leite ignoram o sofrimento de pais e mães sem emprego, jovens sem esperança e crianças abandonadas. Não há políticas de geração de emprego e renda, muito menos programas sociais para amparar essas pessoas na pandemia, que está longe do fim, uma vez que faltam vacinas para imunizar logo a população”, afirma o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.

Para o dirigente, o país precisa retomar o auxílio emergencial de R$ 600,00 que beneficiou em torno de 68,5 milhões de pessoas em 2020. “Este ano, porém, cerca de 30 milhões não receberão esse auxílio, que ainda foi rebaixado para valores que variam de R$ 150,00 para R$ 375,00 o que é desumano”, destaca Amarildo.

Às 11h, uma marcha fúnebre levará um caixão até a frente da prefeitura de Porto Alegre para homenagear os quase 450 mil mortos na pandemia.

Mobilização nacional contra a fome

Combater a fome e a pobreza no Brasil é o objetivo principal do ato #600ContraFome promovido pela CUT, demais centrais, MST, Contag e frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. O movimento chama a atenção para o desemprego, que já atinge 14,5 milhões de brasileiros, um recorde na série histórica do IBGE desde 2012.

Em apenas um ano de pandemia, foram 7,8 milhões de postos de trabalho perdidos, outros 6 milhões de brasileiros desistiram de procurar trabalho e mais da metade da população em idade de trabalhar permanece sem emprego.

As lideranças da CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central, CSB, Intersindical, Pública, CSP-Conlutas, CGTB, CONTAG, MST e das frentes BP e PSM destacam o sofrimento dos brasileiros: “pais e mães de família sem emprego, jovens sem esperança e crianças desprezadas pelo governo federal que não só deixa de cumprir com seu papel de promover o desenvolvimento com geração de emprego e renda como não ampara essas pessoas em um momento de calamidade como o que o país vive”.

Auxílio emergencial insuficiente

Na mobilização, as lideranças pretendem resgatar o histórico do auxílio emergencial que foi aprovado pelo Congresso Nacional sob pressão dos movimentos populares no valor de R$ 600,00 em 2020 e reduzido drasticamente para R$ 300,00 e a R$ 150,00 no caso da maioria dos beneficiários.

Para se ter uma ideia do retrocesso, as famílias com mais de uma pessoa desempregada receberão R$ 250,00 e as chefiadas por mães R$ 375,00. Neste caso, o Congresso havia aprovado um auxílio emergencial de R$ 1,2 mil que foi pago pelo governo apenas até setembro de 2020. O auxílio ainda demorou quase quatro meses para começar a ser pago neste ano a um número muito menor de pessoas do que no ano passado.

Em 2020 foram 68,5 milhões de beneficiários. Já este ano, cerca de 30 milhões não receberão o auxílio, ficando expostos ainda mais à insegurança alimentar. “Enquanto a renda diminui, ou mesmo não existe para esses milhões de brasileiros, o preço dos alimentos faz o caminho inverso. Aumenta a cada dia e – mais uma vez – o governo nada faz para controlar. A carestia é um tiro de misericórdia na esperança dos brasileiros que não tem o que comer”, destaca a CUT nacional.

“Dá para suportar? Para o movimento sindical a resposta é não e a ação tem que ser imediata. A começar pelo auxílio emergencial de, no mínimo, R$ 600,00. E essa é a pauta principal da CUT e das centrais sindicais em conjunto com movimentos sociais”.

O que dá pra comprar com R$ 150,00

Em Brasília, o ato no gramado do Congresso Nacional mostrará, na prática, o que dá para comprar com os valores do auxílio emergencial atual, colando esses poucos produtos em carrinhos de compra. O objetivo é sensibilizar os parlamentares para que tenham a mínima noção do sofrimento das milhões de famílias expostas à fome.

Para Rodrigo Rodrigues, presidente da CUT Brasília, a principal reivindicação do ato são melhores condições de vida para população que mais tem sofrido com as ações de Bolsonaro.

“Com o ato, que terá bandeiras e cartazes, e com a nossa voz na Esplanada dos Ministérios, daremos um recado ao Congresso Nacional e ao Planalto sobre como a classe trabalhadora tem entendido a situação e quais são as reivindicações”, afirma o dirigente.

Também pauta importante da mobilização é a luta por vacina imediata para toda a população. “Essencial para que possamos controlar e sair da pandemia”, diz Rodrigues. Ele lembra que a luta também é por mais direitos, empregos e contra a reforma administrativa que “vai destruir o Estado e fragilizar ainda mais os serviços públicos prestados à população”.

PROGRAMAÇÃO – O ato no DF começa às 7h na Praça dos Buritis. Caminhões com cestas de alimentos do MST e da Contag sairão em direção à Esplanada dos Ministérios, mas a transmissão ao vivo está programada para à 10h, no momento em que lideranças da CUT, centrais e de movimentos sociais farão o protesto e, em frente ao caminhão de som, serão colocados os três carrinhos de compras com produtos possíveis de se comprar com o auxílio emergencial.

Faixas com o mote do ato “Vacina no Braço/Comida no Prato; Pelo auxílio de R$ 600” também estarão dispostas no gramado.
Ao meio-dia, acontece o ato de entrega da Agenda Legislativa das Centrais Sindicais a lideranças do Congresso Nacional

Atos nas capitais

Em Alagoas, durante todo o dia nas ruas do centro, dirigentes de sindicatos e de movimentos sociais dialogarão com a população sobre o auxílio emergencial e sobre a situação da fome no Brasil.

No Espirito Santo haverá atos simbólicos em Linhares e Vitória.

Mato Grosso terá carreata pela manhã e ato à tarde na Praça Alencastro, em Cuiabá.

No Mato Grosso do Sul, ato às 9h em defesa da aprovação do Projeto de Renda Básica e, às 16h, audiência pública “Vacina Já”, “Não aos cortes da verba das Universidades Públicas” e “Retorno às aulas presenciais somente após a vacinação”.

No Paraná, em virtude do aumento de casos de covid-19, a CUT-PR fará uma live às 15h em defesa do auxílio emergencial de R$ 600,00 contra a fome e a carestia.

Em Pernambuco, haverá ato simbólico no sábado, 29, na Praça do Derby em Recife, a partir das 9h.

No RS, a partir das 7h haverá faixaços, ato simbólico às 10h, no Palácio Piratini, em Porto Alegre, por vacinação em massa e contra a reforma administrativa, além de marcha fúnebre até a prefeitura e doações de alimentos pelo MST.

No Rio de Janeiro terá ato simbólico em frente ao Prédio da Petrobras, no centro, e panfletagens em vários pontos da cidade.

Em Rondônia, ação simbólica em Porto Velho com concentração na Praça da estrada de ferro Madeira-Mamoré, às 8h. Haverá carreata e colocação e faixas contra a fome, carestia e pelo auxílio emergencial de R$ 600, em pontos estratégicos da cidade.

Na capital de Santa Catarina, ato na Catedral, a partir das 10h, e entrega de alimentos doados pelo MST e Via Campesina. Faixas, cartazes e panelas vazias simbolizarão a luta que tem como mote “vacina no braço, comida no prato”.

Em São Paulo, a CUT-SP fará ações pontuais e audiências públicas contra a PEC 32 – da Reforma Administrativa.

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