Movimento LGBTI+ perde Alexandre Boer
Foto: Reprodução/Somos/Divulgação
No mês em que as comunidades LGBTI+ têm como referência na luta por igualdade de direitos, o movimento perdeu um de seus mais importantes militantes, Alexandre Boer. Ele foi vitimado por uma encefalopatia nesta segunda-feira, 21. Estava internado no Hospital São Lucas, da PUCRS, desde o início de junho. Já havia sido internado anteriormente.
Alexandre, tinha 57 anos (completados em março), e era reconhecido como um dos mais importantes ativistas da causa LGBTI+ no país, com atuação política internacional. Também foi militante do movimento de Luta contra o HIV/Aids, tendo participado do Gapa/RS desde sua fundação.
“É com muita tristeza que comunicamos o falecimento do nosso amigo e fundador” diz a nota publicada pela entidade Somos – Comunicação Saúde e Sexualidade. “Ele se orgulhava de dizer que a ONG Somos, que em 2021 completa 20 anos, começou na sala da casa dele. E, a partir daí, construiu com outros amigos e ativistas um trabalho que foi referência para uma geração inteira de ativistas. Foi nosso representante e diretor em importantes organizações, como a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) e a Associação Internacional de LGBTI+ (ILGA), chegando a acompanhar diretamente as articulações do movimento na ONU”.
Na Somos, além de fundador, também coordenou projetos na temática da comunicação, acesso à direitos da população LGBTI+ e dirigiu o núcleo de Comunicação. Como jornalista, escreveu livros, dirigiu produções audiovisuais e se dedicava à divulgação artística.
Alexandre foi um dos primeiros coordenadores de políticas públicas para LGBTI+ no Brasil e o primeiro diretor de uma pasta voltada ao tema em Porto Alegre. Foi um dos criadores da setorial LGBTI+ do PT e atualmente estava filiado ao PSOL. Foi um dos idealizadores do programa Brasil sem Homofobia, executado pelo governo federal.
Como artista, foi ator, diretor de teatro e patinador. Como funcionário público, dirigiu os teatros Renascença e Álvaro Moreyra no Centro Municipal de Cultura e o Teatro de Câmara Túlio Piva.
Conforme a amiga e companheira de militância, Claudia Penalvo, conselheira da Somos, Alexandre sentiu muito a perda recente da mãe, Dona Marisa. Ela era uma grande apoiadora do filho e da Somos. “Uma das histórias que sempre contava, era de quando a mãe foi até um programa de rádio falar sobre a importância de mães apoiarem os filhos LGBTI+”.
“Alexandre era generoso, companheiro, sempre disposto a ajudar quem quer que fosse. Conheci o Alexandre no Gapa/RS, quando militamos juntos. Ele era criativo, generoso e um grande companheiro. Sua delicadeza e gentileza eram uma marca. Foi o primeiro coordenador de políticas públicas para a população LGBTI em POA, nos governos do PT. Também era alguém preocupado em estudar e aprender. Nos últimos anos vinha se dedicando ao estudo de filosofia”, conta Claudia.
A cerimônia despedida ocorre das 15 horas às 18 horas desta segunda-feira, na capela 1 do Cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre, porém com restrição a apenas oito pessoas dentro da capela em sistema de revezamento e com respeito aos protocolos sanitários e uso de máscara.