MOVIMENTO

Centrais sindicais reivindicam a reposição de 10,3% no piso regional

Sem reajuste desde 2019, sindicalistas defendem recuperação salarial para amenizar perdas sofridas nos últimos anos. Governo Leite propõe apenas 2,73%
Por César Fraga / Publicado em 18 de outubro de 2021

Foto: Arquivo Agência Brasil

As centrais reivindicam a reposição de 10,3%, o que representa o INPC de 2019 e 2020

Foto: Arquivo Agência Brasil

Na segunda-feira, 18, a Central Única dos Trabalhadores (CUT/RS) e demais centrais sindicais realizaram uma coletiva de imprensa virtual sobre a falta de reajuste do salário mínimo regional do Rio Grande do Sul. Na ocasião, também foi lançada a campanha “Não deixe o piso regional morrer”.

De acordo com a CUT/RS, o último aumento ocorreu em 1º de fevereiro de 2019. No ano passado, o governador Eduardo Leite (PSDB) enviou um projeto aos deputados com reajuste de 4,5%, que correspondia ao INPC de 2019, mas depois a sua base aliada votou reajuste zero e ele sancionou. Em 2021, o governo propôs um reajuste de apenas 2,73%, o equivalente a 50% do INPC de 2020, significando mais uma perda salarial, considerada  inaceitável, pelos sindicalistas.

As centrais reivindicam a reposição de 10,3%, o que representa o INPC de 2019 e 2020, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Audiência

O deputado estadual Luiz Fernando Mainardi (PT) é o relator da subcomissão do piso regional

Foto: Reprodução/Zoom

O deputado estadual Luiz Fernando Mainardi (PT) é o relator da subcomissão do piso regional

Foto: Reprodução/Zoom

O tema ainda será debatido em audiência pública da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, da Assembleia Legislativa, na próxima quinta-feira, 21, às 10h, no Teatro Dante Barone, em formato misto (presencial, com número limitado de participantes, e virtual).

A proposição é do deputado Luiz Fernando Mainardi (PT), que é o relator da subcomissão do piso regional, criada com prazo de funcionamento de 120 dias, e do projeto do governador na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Segundo Mainardi, que participou da coletiva, “essa campanha não termina num mês nem no final do ano. Esta é uma campanha permanente para que a gente possa disputar na sociedade essa questão do salário que a população de baixa renda precisa ter como referência, não ganhando abaixo disso, sendo o piso mínimo também uma referência para as negociações que são feitas a partir dele. O grande debate que precisa ser feito é de como os governos estão neoliberais estão tratando os trabalhadores”, disse.

O presidente da CUT/RS, Amarildo Cenci, destacou que 40% dos profissionais da saúde dependem do piso regional c0mo referência para suas negociações salariais. “Recuperar os salários é fazer justiça com a distribuição de renda. Não podemos aceitar o discurso do empresariado que alega que a melhora da remuneração gera desemprego. A melhora da remuneração também é boa para a economia”, explica.

Falta de reajuste

A falta de reajuste do piso regional será igualmente tema de audiência marcada pelo presidente da Assembleia, deputado Gabriel Souza (MDB), para quarta-feira (20), às 14h, com representantes das centrais sindicais e das federações empresariais. O encontro foi agendado após reunião das centrais com o parlamentar em 5 de agosto, quando foi solicitado que ele fizesse uma interlocução entre trabalhadores, empresários, deputados e governo do Estado, a fim de recuperar o poder de compra do mínimo regional.

O secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo, destacou na véspera da coletiva que “é preciso chamar a atenção da sociedade para a importância do piso regional, a fim de recuperar a renda da classe trabalhadora que recebe os menores salários no Estado”.

“A crise econômica, agravada pela pandemia, encareceu os preços dos alimentos e disparou o valor da cesta básica. Soma-se a isso, o congelamento do piso regional, que há dois anos e oito meses está sem reajuste no RS, ao contrário de Santa Catarina e do Paraná”, salienta Nespolo.

Os dois estados concederam aumentos em 2020 e 2021, de forma cumulativa em 10,62% e 12,29%, respectivamente, sendo que ambos registraram menores taxas de desemprego que o Rio Grande do Sul, segundo dados do Dieese. “Não podemos deixar morrer o piso regional”, ressalta o dirigente.

 

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