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Entregadores de aplicativos trabalham mais de 12 horas por dia

Com jornadas acima de 12 horas diárias, entregadores de aplicativos no Brasil têm rendimentos baixíssimos às custas da precarização de suas condições de trabalho confirma estudo
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 16 de dezembro de 2021
Esta é a quarta paralisação de entregadores de aplicativos em menos de um ano

Foto: Rovena Rosa/ABr

Há casos de entregadores que recebem R$ 0,59 por hora para trabalhar 13 horas diárias todos os dias da semana

Foto: Rovena Rosa/ABr

Com uma remuneração líquida girando em torno de R$ 5 por hora, trabalhadores encarregados de fazer entregas de aplicativos ganham em média R$ 1.173 por mês. Essa é uma das constatações que chegou uma pesquisa encomendada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O trabalho que será apresentado em sua totalidade amanhã, 17, registra que foram encontrados casos piores. São entregadores que recebem R$ 0,59 por hora para trabalhar 13 horas diárias todos os dias da semana. Há ainda relatos de quem chega a trabalhar 18 horas diárias com rendimentos negativos.

A pesquisa

Conduzida por integrantes do Instituto Observatório Social da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a pesquisa se deteve por dezoito meses ao dia a dia de trabalhadores de Brasília (DF) e Recife (PE). No entanto, a base comparativa com dados nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), permite que as conclusões do trabalho acabem abrangendo todo o território nacional.

Para o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, “esse cenário local, que está inserido em um processo nacional e global de avanço das plataformas, levou ao aumento de uma categoria que trabalha jornadas extensas, sem direitos trabalhistas e previdenciários”. Ainda segundo Nobre, essa radiografia das condições de trabalho no setor deve ser usada para formular propostas de representação da categoria, que, reforça, “cresceu na pandemia em meio ao avanço do desemprego e da informalidade”.

Quem são

O estudo registra uma categoria predominantemente masculina. Homens são 92% do conjunto dos entregadores. Em sua maioria, a categoria também é composta de jovens até 30 anos de idade, pretos ou pardos (68%), conforme a classificação do IBGE.

A CUT e a OIT além de revelar esse perfil e o sociodemográfico dos entregadores também confirma o poder das empresas de aplicativos e a precária logística do trabalho da categoria e a existência de uma relação de subordinação entre esses profissionais e as plataformas. Isso joga por terra os discursos das empresas de que os entregadores são autônomos.

Serviço

O levantamento completo da pesquisa encomendado pela CUT e pela OIT será apresentado via live na página da CUT no Facebook nesta sexta-feira,17, às 10h.

 

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