MOVIMENTO

Mais de 20 mil famílias gaúchas podem ser despejadas

A partir de 31 de março, quando encerra a suspensão de despejos determinada pelo STF, meio milhão de pessoas estarão sob ameaça
Por César Fraga / Publicado em 17 de março de 2022
Em Porto Alegre, a concentração ocorreu em frente à Assembleia Legislativa, seguida de marcha até o Tribunal de Justiça

Foto: Ademir Wiedercker/CUT-RS

Em Porto Alegre, a concentração ocorreu em frente à Assembleia Legislativa, seguida de marcha até o Tribunal de Justiça

Foto: Ademir Wiedercker/CUT-RS

O centro histórico de Porto Alegre presenciou nesta quinta-feira, 17, a manifestação Despejo Zero, sob o lema “Prorroga STF”, no intuito de evitar uma onda massiva de despejos no país a partir do dia 31 de março. Nesta data encerra a suspensão das remoções forçadas, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por conta da pandemia. Foram realizadas manifestações em outras 16 cidades brasileiras.

No Rio Grande do Sul, mais de 20 mil famílias

Foto: Ademir Wiedercker/CUT-RS

No Rio Grande do Sul, mais de 20 mil famílias

Foto: Ademir Wiedercker/CUT-RS

Em todo o país, mais de 132.290 famílias, cerca de 500 mil pessoas, poderão sofrer ações de despejo e remoção de suas casas. No Rio Grande do Sul, mais de 20 mil famílias.

Em Porto Alegre, a concentração ocorreu em frente à Assembleia Legislativa, seguida de marcha até o Tribunal de Justiça.

“Trata-se de uma luta por um direito humano fundamental, o direito à moradia, que não é atendido, nem respeitado. O estado brasileiro não cumpre com esse dever. E, como se não bastasse, o sistema político e judiciário pretende despejar milhares de famílias. Só no Rio Grande do Sul estima-se que são mais de 20 mil famílias ameaçadas, a partir do final do mês de março. Essa é uma luta de todos os trabalhadores”, defende o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.

Para o dirigente sindical, trata-se de um direito que a sociedade precisa exigir e fazer valer, “para que todos os cidadãos possam ter uma casa e um ambiente onde crianças, jovens e idosos, os mais vulneráveis coabitem dignamente. E a tarefa do sindicalismo vai para além da solidariedade. Devemos estar junto da população ameaçada para que essas famílias tenham êxito nessa justa reivindicação”.

Prorrogação do prazo

A Campanha Despejo Zero é uma articulação nacional que reúne 175 entidades

Foto: Ademir Wiedercker/CUT-RS

A Campanha Despejo Zero é uma articulação nacional que reúne 175 entidades

Foto: Ademir Wiedercker/CUT-RS

O movimento reivindica que o Supremo estenda a vigência da decisão. Integraram os atos o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento Luta Popular, as Brigadas Populares, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a União de Movimentos de Moradia (UMM), a Central de Movimentos Populares (CMP) e o Movimento de Lutas em Bairros, Vilas e Favelas (MLB).

Em Brasília, os manifestantes foram até a porta do STF.

Na capital paulista, a concentração ocorreu na avenida Paulista, com marcha até o centro, onde fica o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

Protestos também acontecem em João Pessoa (PB), Salvador (BA), Recife (PE), Teresina (PI), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), entre outros municípios.

De acordo com dados da Campanha Despejo Zero, articulação nacional que reúne 175 entidades, durante a pandemia de covid-19, de março de 2020 até fevereiro de 2022 houve um aumento de 602% no número de famílias ameaçadas de perder a moradia.

Os estados brasileiros em que mais pessoas vivem na iminência de serem removidas à força de suas casas são São Paulo, Amazonas e Pernambuco. Só no estado paulista são 42.599 famílias nessa situação.

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