MOVIMENTO

Pedalada em Porto Alegre pediu o fim da violência contra as mulheres

Iniciativa do Comitê Eles por Elas, da ONU Mulheres, chamou a atenção para fragilidade das políticas públicas e aumento dos feminicídios
Da Redação / Publicado em 26 de março de 2022

Foto: Brayan Martins/ Divulgação

Pedalada foi organizada pelo Eles por Elas, movimento contra a violência de gênero

Foto: Brayan Martins/ Divulgação

O aumento dos casos de violência contra as mulheres motivou um evento para chamar a atenção da sociedade para a urgência da retomada de políticas públicas em Porto Alegre e demais municípios do Rio Grande do Sul. O Pedal POA – sem violência contra as mulheres, idealizado pelo Comitê Gaúcho Eles Por Elas, da ONU Mulheres, aconteceu neste sábado, 26, na Orla do Guaíba, e também marcou os aniversário de 250 anos da capital.

O evento contou com a participação de cerca de 300 pessoas de Porto Alegre e do interior do estado. Elas carregavam em suas bicicletas balões rosas e pretos e alguns usavam camisetas com a frase “violência contra mulher, NÃO!”, para chamar a atenção das pessoas para a causa. Durante a pedalada, gritavam a frase “a violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer”. Após, foi realizado um ato de conscientização nas proximidades da Usina do Gasômetro, com apresentação musical do Grupo Samba de Rolê.

Edegar Pretto, coordenador do Comitê, convocou os homens para serem agentes da transformação e refletirem sobre o comportamento machista. Segundo ele, a mudança cultural nasce da união de vozes de pessoas que se preocupam em combater a violência. “As atitudes para um mundo de igualdade começam por atos individuais e coletivos”, apontou.

Pretto ainda observou que as estruturas públicas de proteção às mulheres têm reduzido e que o poder público precisa enfrentar esse problema com o orçamento.

Mudança cultural

Conforme dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP/RS), os feminicídios aumentaram 50% em fevereiro deste ano no estado, com nove vítimas, em comparação com o mesmo mês do ano passado, quando foram registrados seis casos.

Dos 96 feminicídios ocorridos em 2021, somente em 10 casos havia medida protetiva de urgência, o que evidencia a necessidade de garantir o amparo das mulheres que sofrem violência.

A cabeleireira Mara Terezinha da Silva veio de Imbé, no Litoral, para participar da pedalada. Para ela, o evento foi uma oportunidade que representa um grito das mulheres sobre empoderamento e pelo fim da violência. “Nós, mulheres, todos os dias sofremos algum tipo de agressão, por cor, por assédio. Então, pedalar aqui tem esse significado muito importante de luta”, disse.

Télia Negrão, da coordenação nacional do Levante Feminista contra o Feminicídio, alertou que a violência contra as mulheres não pode ser naturalizada, e que precisa ser prevenida com políticas públicas. “Essa mudança cultural é fundamental. Mas é importante que as mudanças sejam em conjunto com a sociedade, nesta luta que não é só das mulheres”, argumentou.

Rede de proteção

Sobre as políticas a serem retomadas no RS, sobretudo para diminuir os índices de feminicídios, está a Rede Lilás e a reabertura imediata do Centro de Referência Estadual da Mulher Vânia Araújo.

O serviço contava com uma sede própria, que foi passada pelo governo estadual para um estacionamento no centro de Porto Alegre e agora ocupa uma sala no Centro Administrativo do estado, sem estrutura adequada e com difícil acesso.

O evento deste sábado também destacou que é fundamental garantir orçamento e ter uma rede de atendimento eficaz, com articulação entre os poderes e serviços.

Casa da Mulher

A atividade ainda pautou a necessidade de recuperar políticas públicas nacionais, a exemplo das criadas pelo governo Dilma Rousseff, como a Casa da Mulher Brasileira, para oferecer serviços de atendimentos completos e especializados, de referência, segurança e assistência judiciária para as mulheres vítimas.

Outra iniciativa é o Mulher: Viver Sem Violência, considerado o maior programa da história para políticas para as mulheres, com grandes montantes de investimentos, além do enfrentamento das desigualdades econômicas e sociais para que elas tenham autonomia.

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