MOVIMENTO

Caravana das mulheres indígenas chega ao RS

Encontro acontece na Terra Indígena Por Fi Ga, em São Leopoldo, nos dias 24 e 25 para discutir questões que vão do fortalecimento e representação das mulheres em espaços de poder
Por César Fraga, com colaboração de Daniela Huberty / Publicado em 22 de agosto de 2022

Caravana das mulheres indígenas chega no RS

Foto: Daniela Huberty/Comin

Foto: Daniela Huberty/Comin

Na próxima quarta-feira, 24, a Caravana das Originárias chegará ao Rio Grande do Sul. Isso ocorre depois de reunir mais de 200 mulheres indígenas no Paraná e 150 em Santa Catarina.

As comitivas de mulheres indígenas se encontrarão na Terra Indígena Por Fi Ga, em São Leopoldo, onde discutirão durante dois dias (24 e 25 de agosto) questões que vão do fortalecimento e representação em espaços de poder à violência e violações de seus direitos. De acordo com a organização, o encontro pretende fortalecer o movimento na Região Sul.

“É um momento muito importante e histórico, porque a gente vive lutando tanto por esses espaços e agora vamos ter a felicidade de estar recebendo a Caravana das Mulheres Originárias”, afirma Sueli Khey Tomás, liderança Kaingang da comunidade.

Para Suely, esse movimento realizado pelas mulheres indígenas mostra que, ao estarem juntas e fortalecidas, elas têm o poder de transformação.

“Pra nós é muito significante o movimento de vitória depois de tantas lutas, depois de tanto sofrimento. Da gente estar erguendo a nossa bandeira e mostrando que temos voz e que as nossas vozes, elas juntas, valem muito”, conclui.

A Caravana das Originárias da Terra é realizada pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) e, na região Sul, tem a parceria do projeto Moviracá: direito à terra indígena, da Fundação Luterana de Diaconia-Conselho de Missão entre Povos Indígenas (FLD-Comin), financiado pela União Europeia.

Antes de vir à região Sul, a Caravana ocupou o território do estado de Rondônia, nos dias 15 e 16 de agosto, no município de Cacoal, onde mais de 50 mulheres, de 14 diferentes povos, participaram do encontro

Violência contra indígenas

Caravana das mulheres indígenas chega no RS

Foto: Daniela Huberty/Comin

Foto: Daniela Huberty/Comin

Na semana passada, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou o  Relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil, em que o Rio Grande do Sul é um dos destaques negativos. O principal motivo são conflitos decorrentes do arrendamento de territórios tradicionais também fazem parte dos registros com sucessivos recordes em todo o país e que nesta edição se remetem a três anos de incentivos a ataques anti-indígenas por parte do governo Bolsonaro e grupos bolsonaristas ligados ao agronegócio e mineração.  em 2021, houve sete assassinatos de indígenas no estado, entre eles o estupro seguido de morte da menina Daiane Griá Sales, de 14 anos, do povo Kaingang.

No brasil, no ano passado, foram registrados 176 assassinatos a indígenas, o que significa mais de 14 por mês. Foram apenas seis a menos do que em 2020, que registrou o maior número de homicídios desde que o Cimi passou a contabilizar este dado com base em fontes públicas, em 2014. O número de suicídios chegou a 148 e foi o maior já registrado neste mesmo período. No país houve 14 casos de violência sexual contra indígenas.

O relatório do Cimi evidencia um aumento em 15 das 19 categorias de violências sistematizadas pela publicação em relação a 2020 no Brasil. Os casos mais graves são invasões de garimpeiros em territórios Yanomami, Kayapó e Munduruku, na Amazônia, mas os ataques atingem povos de todas as regiões brasileiras.

Caravana das mulheres indígenas chega no RS

Foto: Daniela Huberty/Comin

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