Ministros se encontram com centrais para discutir caso Americanas e mínimo nacional
Imagem: Jaelcio Santana/Força Sindical
As centrais sindicais brasileiras se reuniram na manhã desta segunda-feira, 30 de janeiro, com os ministros do Trabalho, Luiz Marinho (PT), e da Previdência, Carlos Lupi (PDT). A primeira agenda iniciou às 7h30 da manhã, Marinho foi discutir a participação do governo federal para que trabalhadores não acabem lesados na crise do Grupo Americanas.
Às 11, foi a vez de Lupi. Os representantes dos trabalhadores solicitaram informações sobre a política de reajuste do salário-mínimo do novo governo e os impactos dele nas aposentadorias e pensões.
Os ministros de Lula ouviram a preocupação das centrais em defender os empregos e os direitos trabalhistas dos mais de 44 mil funcionários da Americanas, que recentemente apresentou pedido de recuperação judicial e segue em risco iminente de insolvência após ter identificado um rombo que apresenta uma dívida superior a R$ 43 bilhões.
Americanas x Eletrobras
No último dia 25, as centrais ajuizaram uma ação civil pública para que – independentemente do processamento da recuperação judicial – os patrimônios pessoais dos acionistas de referência da Americanas possam ser executado para o pagamento das indenizações trabalhistas caso a varejista entre em falência.
O trio formado por Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles através de seu braço de investimentos, a 3G Radar, se tornaram, no processo de privatização da Eletrobras, o principal acionista da empresa.
O fato de a empresa responsável pela auditoria contábil da Americanas, a PWC, ter sido a mesma consultoria que fez a avaliação dos ativos da então estatal para a sua privatização jogou ainda uma série de questionamentos sob os homens mais ricos do Brasil.
Diversas entidades já começam a pedir que o governo Lula investigue o fato e que, se possível, reverta a privatização por a considerar em suspeita.
Ato na Cinelândia
No próximo dia 3, as centrais prometem a realização de um ato unificado na Cinelândia, no Rio de Janeiro, cidade sede da Americanas.
Encabeçando a mobilização, a CUT, Força Sindical, CTB e UGT informam que, além dos 44 mil empregos em jogo, a Americanas aglutina em empresas do seu grupo cerca de 17 mil ações trabalhistas em curso. Isso representa um passivo total de R$ 1,53 bilhão.
Em nota emitida após a reunião com Marinho, as centrais deixam claro o seu entendimento de que a atividade econômica, as empresas e os empregos devem ser preservados independente das responsabilidades dos executivos, controladores e acionistas relevantes do Grupo Americanas.
“Se os indícios de fraude forem provados, os culpados devem ser punidos, mas a empresa e os empregos precisam ser preservados”, afirma o documento.
Confira a nota das centrais sindicais sobre o caso das Lojas Americanas
As centrais sindicais unificadas em reunião com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, nessa segunda-feira, 30/01/2023, em São Paulo, discutiram o processo de recuperação judicial do Grupo Americanas e reforçaram a necessidade de garantia dos empregos e dos direitos dos mais de 44 mil trabalhadores diretos e de centenas de milhares de trabalhadores de toda a rede de fornecedores.
A atividade econômica, as empresas e os empregos tem que ser preservados independente das responsabilidades dos executivos, controladores e acionistas relevantes do Grupo Americanas, que ainda estão sendo apuradas.
Se os indícios de fraude forem provados, os culpados devem ser punidos, mas a empresa e os empregos precisam ser preservados.
Por esses motivos, as centrais solicitaram ao Ministro do Trabalho e Emprego que o Governo participe diretamente do processo com o objetivo de estabelecer diálogo tripartite e total transparência neste que é um dos maiores processos de recuperação empresarial do país.
Diante da gravidade do problema, as centrais sindicais unificadas convocam toda a sociedade para o ato no dia 03 de fevereiro (sexta-feira), às 10 horas, na Cinelândia no Rio de Janeiro (RJ).