Trabalho escravo é tema de seminário na Câmara de Caxias do Sul
Foto: Câmara de Vereadores Caxias do Sul/Divulgação
A CUT-RS e centrais sindicais, com o apoio de sindicatos da Serra Gaúcha, realizam nesta sexta-feira,10, às 14 horas, o seminário “Trabalho decente, sim! Trabalho escravo, não!”, no auditório da Câmara Municipal de Caxias do Sul. Haverá transmissão ao vivo na página da CUT-RS no Facebook.
O evento contará com a presença de sindicalistas, do senador Paulo Paim (PT-RS), parlamentares e representantes do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), dentre outras entidades.
O objetivo é discutir o mundo do trabalho e medidas concretas para enfrentar a precarização, que aumentou depois da reforma trabalhista do golpista Michel Temer (MDB), e combater a terceirização ilimitada e o trabalho análogo à escravidão.
“Queremos trabalho decente que respeite e valorize o trabalhador e a trabalhadora. Para tanto, precisamos ampliar e aprofundar o debate, envolvendo as empresas e o poder público, a fim de garantir e proteger os direitos humanos e trabalhistas”, afirma o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.
Trabalho escravo na colheita da uva
O seminário acontece três semanas após o resgate de 207 trabalhadores, na sua quase totalidade baianos, que foram aliciados por uma empresa terceirizada, que havia sido contratada pelas vinícolas Aurora, Salton e Garibaldi, além de 23 proprietários rurais, para a colheita da safra da uva, em Bento Gonçalves. Eles relataram situações humilhantes e degradantes, além de terem sido vítimas de agressões, choques elétricos e spray de pimenta.
O caso já está sendo investigado pelo MPT, MTE e Polícia Federal, dentre outras instituições. Situações semelhantes já foram autuadas pelos fiscais do Trabalho em outras safras no RS e outros estados, como maçã, cebola e cana de açúcar.
Ataques racistas e xenófobos de vereador
Uma semana depois do resgate dos trabalhadores, o vereador Sandro Fantinel (então filiado ao Patriota) foi à tribuna da Câmara de Caxias do Sul e fez um discurso com ataques racistas e xenófobos, além de uma apologia ao trabalho escravo.
Ele falou aos empresários e aos produtores rurais da Serra, para que “não contratem mais aquela gente lá de cima”. O parlamentar inverteu a situação, culpando as vítimas e destilando preconceitos. Sobre os baianos, o vereador expulso no dia seguinte do seu partido afirmou: “a única cultura que têm é viver na praia tocando tambor, era normal que fosse ter esse tipo de problema”.
O escândalo repercutiu no estado e no país, bem como houve forte pressão dos sindicatos e movimentos sociais sobre os vereadores caxienses, que dois depois aceitaram por unanimidade a abertura de processo de cassação do mandato de Fantinel.
“Mais do que cassar esse mandato parlamentar, que certamente envergonha a população da Serra, é preciso responsabilizar quem faz discurso de ódio, racismo, xenofobia e atenta contra a democracia, assim como devem ser punidos exemplarmente os que promoveram e financiaram os atos terroristas e golpistas de 8 de janeiro em Brasília”, destaca o presidente da CUT-RS.
Leia Também:
Vinícolas envolvidas em trabalho escravo pagarão 7 milhões por danos morais
Com informações da CUT-RS