MOVIMENTO

Fórum Social das Periferias quer mostrar a realidade das comunidades

Promovido por lideranças comunitárias, evento ocorre de 1º a 6 de maio em diversos pontos de Porto Alegre
Por Douglas Glier Schütz / Publicado em 28 de abril de 2023

Fórum acontece na primeira semana de maio

Foto: Giulian Serafim/PMPA

Foto: Giulian Serafim/PMPA

Mostrar a realidade das populações suburbanas e suas dificuldades sem maquiar o que está acontecendo. Esse é o objetivo do 1º Fórum Social das Periferias de Porto Alegre, que descentraliza o debate sobre as comunidades da capital. O evento é promovido por lideranças comunitárias, com a participação dos moradores dos territórios e ocorre em mais de 10 localidades e de forma digital.

Serão seis dias de evento, de 1º a 6 de maio, quando 15 grupos de trabalho promoverão debates nas comunidades. Morro Santana, Ilha dos Marinheiros, Glória, Cavalhada, Cruzeiro, Bom Jesus, Jardim Ipú, Vila Farrapos e Quarto Distrito são alguns dos espaços que receberão as reuniões dos grupos de trabalho (GT).

De acordo com o representante do GT da economia solidária e agricultura familiar, Renan da Silva, o Fórum nasceu com o poder e autonomia na mão da periferia. Segundo ele, os integrantes querem um debate real e que mostre o que se passa nas comunidades.

“Hoje, as periferias estão desassistidas. O desmanche das políticas públicas, sociais e o afastamento do estado ocasionaram a falta dos serviços básicos do dia a dia nessas localidades”, aponta Renan.

A realidade das periferias

A relatora do GT de Habitação, Ceniriani Vargas da Silva, aponta que, desde 2016, ano do impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, todas as áreas sociais tiveram expressivos cortes em todas as áreas sociais.

“O Rio Grande do Sul conta com 11 mil famílias em situação de despejo. Os investimentos nesta área diminuíram 96% e além disso houve um agravamento da situação das famílias durante a pandemia. Muitas pessoas precisaram escolher entre pagar aluguel e dar comida para suas famílias”, relata Ceniriani.

Segundo a relatora do GT da Habitação, Porto Alegre possui mais de 700 comunidades irregulares, onde vivem milhares de famílias sem acesso à água, energia elétrica e saneamento. Ela explica que é nesta realidade, de esquecimento das periferias e para buscar um processo de articulação da cidade para organização das comunidades na busca por garantia de direitos básicos, que o Fórum ocorre.

“Porto Alegre já foi conhecida como a capital da participação popular, onde se plantou a semente do Orçamento Participativo. Hoje vemos a destruição desse projeto, quando se destina uma migalha do orçamento do município para as comunidades”, denuncia Ceniriani.

A capital gaúcha conta com mais de 20 mil famílias em áreas de risco, somando aproximadamente 80 mil pessoas nesta situação, informa Ceniriani. “Essa precariedade pode gerar mortes. Já tivemos casos de alagamentos, incêndios e demais situações de extrema precariedade, em todos os territórios periféricos”, relata.

Participação do governo federal

Na quinta-feira, 27, a ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, confirmou presença no Fórum. Após uma campanha nas redes sociais, o evento conseguiu a confirmação da participação da autoridade.

A participação da ministra ocorrerá na sexta-feira, 5 de maio, às 9h, em uma roda de conversa sobre “A importância do retorno do programa Mais Médicos para as comunidades”. O evento acontecerá no Centro Educacional e Cultural da Vila Teresa (Amavtron), na rua Caixa Econômica, 605 – Bairro Santa Tereza.

De acordo com Rosa Helena Cavalheiro, representante do GT de Saúde, é necessário contar com a presença do governo federal, pois esta é uma causa importante para as comunidades.  “Necessitamos de uma base de aliados”, conclama.

 

Douglas Glier Schütz é estagiário de jornalismo. Matéria elaborada com supervisão de Gilson Camargo.

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