MOVIMENTO

Professores encerram paralisação e comemoram apoio da sociedade no Paraná

Trabalhadores do ensino da rede pública estadual do Paraná dão início a nova etapa para inviabilizar programa de terceirização de escolas
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 6 de junho de 2024
Professores encerram paralisação e comemoram apoio da sociedade no Paraná

Professores paralisaram contra projeto que terceiriza escolas do Paraná para a iniciativa privada

Foto: Agência Altvista/APP-Sindicato

A greve iniciada no último dia 3 por professores e funcionários das escolas da rede estadual do Paraná foi encerrada na noite de quarta-feira, 5. Assembleia Estadual Extraordinária on-line do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) reuniu mais de 5 mil trabalhadores que decidiram, porém, manter o estado de greve da categoria. Com avaliação positiva do movimento, ainda foi estabelecida uma “jornada de lutas” para efetivamente barrar o que chamam de processo de privatização dos colégios estaduais.

É consenso que a categoria desconstruiu o argumento do governo Ratinho Júnior (PSD), que alega estar terceirizando somente a parte administrativa de 204 escolas, e conseguiu demonstrar que se trata, de fato de uma terceirização do ensino. Os professores avaliaram que houve forte apoio da sociedade à mobilização do APP-Sindicato.

Manifestantes contrários ao projeto do Executivo estadual chegaram a ocupar a Assembleia Legislativa (Alep) após a casa somente ter permitido a entrada de um pequeno grupo. Foi no primeiro dia da votação da matéria, 3, exatamente quando foi deflagrada a greve. Na ocasião, forte repressão policial com bombas de gás lacrimogênio resultou em três pessoas feridas.

Situação exposta

Walkiria: “Temos posição firmada neste estado, provocamos o debate sobre este tema nacionalmente e as agressões e violências deste governador colocaram a nossa pauta e a nossa entidade no cenário internacional”

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“Não conseguimos barrar a tramitação (do projeto), mas incomodamos e alcançamos com grande êxito outros objetivos. A nossa luta colocou a pauta da venda das escolas no mundo. Nós temos posição firmada neste estado, provocamos o debate sobre este tema nacionalmente e as agressões e violências deste governador colocaram a nossa pauta e a nossa entidade no cenário internacional”, afirma a presidente do APP-Sindicato, a professora Walkiria Mazeto.

O acirramento das tensões entre os trabalhadores e o governo Ratinho Júnior resultou em um pedido de prisão para Walkiria, além de multas ao APP-Sindicato. Foi uma ação da Procuradoria Geral do Estado do Paraná (PGE/PA) sob solicitação do governo.

Como o Tribunal de Justiça do Paraná não despachou a ação, uma reiteração foi feita pela PGE/PA na quarta-feira, 5.

A presidente do APP-Sindicato nega que a ação movida tenha exercido influência na decisão de encerrar a greve.

“É importante destacar que o pedido de prisão e da multa foi protocolado na terça-feira, depois que o projeto já tinha sido aprovado, que nós já tínhamos saído da Assembleia Legislativa e estávamos ali concentrados em frente, já debatendo os rumos do movimento. Então, nós não estávamos mais na assembleia, não tinha mais ameaça de intervir sobre o projeto, até porque ele já tinha sido aprovado”, registra a dirigente.

Próximos passos

Sobre o pedido de prisão, Walkiria ainda destaca: “Mesmo assim, às 17h, o governo protocolou esse pedido que foi reforçado ontem (5) por essa nova petição. Algo totalmente ilegal e que só demonstra o caráter antissindical e truculento do governo de Ratinho Júnior”.

Agora, conforme a jornada de lutas definida na assembleia, os próximos passos com o retorno dos trabalhadores às escolas é a organização de uma frente jurídica e a intensificação da discussão do que foi aprovado na Alep e que precisa ainda passar pelo crivo das comunidades que podem ser afetadas.

“Vamos pedir a inconstitucionalidade do programa aprovado e vamos continuar fazendo o debate com as comunidades escolares para, caso o estado chegue a fazer as consultas nas 204 escolas que estão listadas, ocorra a rejeição do programa e a defesa da escola pública”, conclui Walkiria.

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