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Agricultores comemoram colheita de milho orgânico em Novo Hamburgo

Projeto desenvolvido pela Organização de Controle Social do Vale do Sinos, no bairro rural Lomba Grande, produz sua primeira safra de milho em sistema agroecológico e biodinâmico
Por Cátia Cylene / Publicado em 7 de fevereiro de 2025

Foto: Cátia Cylene

Maria Elena Schaab, Cláudio Schaab, Erno Bühler e Solange Manica: investimento em alimento orgânico para o mercado

Foto: Cátia Cylene

O mutirão de plantio do milho foi em setembro do ano passado, na lua descendente, melhor período para a semeadura, conforme calendário biodinâmico.

Ao todo, a Organização de Controle Social do Vale do Sinos (OCS Sinos) produziu 2,5 mil espigas de milho crioulo, orgânico, da variedade Pixurum 5, em sistema agroecológico e biodinâmico.

Destas, 500 foram colhidas verdes, distribuídas diretamente aos consumidores, por meio do Araçá – Grupo de Consumo Responsável, em feiras ou em cestas agroecológicas do Banco de Tempo Lomba Grande.

A experiência foi realizada em 2,6 mil metros quadrados no organismo agrícola de Erno Bühler, no bairro rural Lomba Grande, em Novo Hamburgo, terra rica em material orgânico oriundo de resíduos de podas.

Maria Elena Schaab, integrante da OCS, conta que a opção pelo orgânico se deu pela falta deste alimento no mercado.

“A gente só encontra milho transgênico, então decidimos investir nesse plantio. Até as saracuras preferem as sementes orgânicas, ao invés de comerem as convencionais que demos para elas”, ressalta ao apontar alguns pés menores, da segunda semeadura em covas cujas sementes foram devoradas pelas aves.

Foto: Cátia Cylene

A variedade Pixurum 5, adquirida da Cooperativa Origem Camponesa, de Encruzilhado do Sul, é um grão amarelo com variações de cor, podendo ter até 5% da espiga de grãos brancos.

Foto: Cátia Cylene

Manejo biodinâmico

O solo foi dinamizado com aplicação de fladen, um preparado biodinâmico que organiza os minerais. E quando as mudas alcançaram cerca de 12 centímetros, receberam sílica, para melhorar o metabolismo, deixando-as mais resistentes ao sol e às pragas.

Ainda assim surgiram intrusas. A bióloga Solange Manica, técnica responsável, relatou ocorrência de lagartas. Foi aplicada água de fumo e homeopatia Zincum Mettalicum CH6, sob orientação da agrônoma Geórgia Sant’Anna. “Isso garantiu a extinção das pragas e a farta produção”, comemora.

A sustentabilidade é 100%. “Na água da chuva coletada do telhado, misturamos composto orgânico e irrigamos o milho”, explica Cláudio Schaab, da OCS Sinos. Além disso, após a colheita a planta é triturada e vira silagem para alimentação animal.

Boa produtividade de milho

A variedade Pixurum 5, adquirida da Cooperativa Origem Camponesa, de Encruzilhado do Sul, é um grão amarelo com variações de cor, podendo ter até 5% da espiga de grãos brancos. Uma seleção desenvolvida por agricultores catarinenses a partir do cruzamento de diversas linhagens amarelas e brancas.

“Isso atribui característica de maior teor de açúcar, é um milho mais doce que os outros. Se adapta bem aos sistemas camponeses, sendo ótimo para a produção alimentícia – tanto in natura, como em processamento mínimo – a exemplo de pamonha, farinha, etc.”, explica o engenheiro agrônomo, Josuan Sturbelle Schiavon, integrante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

Para o agrônomo Schiavon, “essa lavoura é a mais bonita, principalmente porque é 100% agroecológica e coletiva. Merece todo reconhecimento, não só pela qualidade técnica final, mas por toda condução metodológica e pelo desafio de controlar a lagarta”.

A OCS Sinos conta com cerca de 50 integrantes, entre agricultores, técnicos, consumidores e voluntários.

Assista o vídeo do milharal da OCS Sinos

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