Curiosamente, a maior camisa de força que arregimenta o homem, socialmente, é o dinheiro. E, por analogia, a economia é a ciência que mais poderá aprisioná-lo. Daí a preocupação com um governo neoliberal que tem como pressuposto básico o mercado e a competência, vista como capacidade de sucesso e geração de lucro.
A indiferença que se observa quanto ao desemprego, educação, agricultura, a permissividade do uso e tráfico de drogas, o pouco caso com a segurança fazem parte desse grande ambiente, hoje forjado pelo capitalismo exacerbado e o neoliberalismo. Estes interessam-se apenas com sua crença depositada no mercado e na aptidão de lucro, e mantém os olhos vedados àqueles problemas que funcionam como caracterizada distensão social.
O pão dado ao povo é louvável e preciso, mas de preferência para sempre e não com o prejuízo e dor das classes produtora, trabalhadora, empresarial nacionais, competindo com ampla abertura na economia e concorrência desleal, provocando impossibilidade de trabalhar e decretando um estado falimentar. Uma sociedade tem como base sadia ideal e obrigatória três classes, a dos pobres, a média e a rica, e o nosso governo está transformando o Brasil num binômio de pobres e ricos, permitindo que se satisfaça uma com as migalhas de pão, a outra com todos os recursos do desenvolvimento. A classe média, suporte e sustentáculo da pirâmide social, prevendo e vivenciando o seu desaparecimento, não funcionando mais como formadora de opinião significativa, portadora do conhecimento e geradora de emprego, essa considerada que é subversiva e inimiga do sistema nessa ditadura abstrata que vivemos sob a égide do econômico.
O combate à inflação, a estabilidade econômica, conseguida com a retirada do sangue da economia que é o dinheiro, a moeda simplesmente não será uma vitória. Precisa haver sim o aquecimento da economia com toda sua vigorosa dinâmica e democratização dos bens do progresso, aliada à permanência dos preços estabilizados, capacitando que se estabeleça o que se entende por progresso: a possibilidade do maior número de cidadãos participarem dos bens e benesses do desenvolvimento e crescimento dos homens.
Nisso entra a reeleição em seu bojo, o interesse dos participantes e apoiadores do governo e o vaidoso presidente viajante e falante de algumas línguas, mas não fala a verdadeira língua do povo, que é a defesa do patrimônio nacional, não vendendo-o ou entregando para uma pseudo melhora temporária e facilitando, com isso que nos tornemos brevemente uma colônia do mundo moderno. O Brasil de hoje não é mais desconhecido nem ignorado. Há muita gente de olho nele. Queremos então um governante que saiba impulsioná-lo para seus melhores desígnios.
Essa simbiose de contentar os ricos e agradar aos pobres é capenga. E faço um vaticínio: não será do Pão à Reeleição, alguém já alertou: “nem só de pão vive o homem”.
* Jorge Pio J. Barbosa é pequeno agricultor no município de Tapes.