OPINIÃO

A segurança do trabalho em ambientes escolares

José Eurides de Moraes / Publicado em 6 de abril de 1998

Aparentemente, como dizem e avaliam os mandatários do poder, parece ser trina perda de tempo falar em segurança dos trabalhadores em Educação, incluindo-se nesta categoria, professores e funcionários de esco-las. Entretanto, estas atividades colocam em risco a saúde e a integridade física de quem atua em estabelecimentos de ensino público ou particular.

Quando se fala de higiene industrial, subentende-se: conforto acústico e térmico, iluminação adequada, lado inserido em um ambiente compatível com a execução das tarefas dentro da capacidade laborativa do homem.

De outra forma, os trabalhadores deste segmento estão à mercê da “boa vontade” daqueles que não se preocupam sequer com a Educação, quanto mais com aqueles que trabalham diretamente ligados a ela.

Queremos aqui registrar nossa preocupação com estas categorias e lançar um alerta diante das deficiências existentes na maioria desses locais de trabalho.

Citamos como exemplo: a iluminação deficiente: o imobiliário inadequado; equipamentos obsoletos e, de muito ultrapassados; condições ergonômicas impróprias; desconhecimento dos riscos da função – postura incorreta, esforço físico em demasia, excessos de movimentos repetitivos, além dos riscos químicos – serventes e encarregados de serviços gerais – e biológicos – professores e serventes – lembrando também um problema comum a todos – o “STRESS” – situações essas decorrentes das atividades profissionais desenvolvidas nos ambientes escolares.

Podemos citar ainda que os maiores riscos estão nos laboratórios. Quando existentes nos estabelecimentos de ensino, é comum as pessoas desconhecerem a necessidade – e obrigatoriedade – dos equipamentos de proteção coletiva e individual. Isto é sinônimo de ventilação adequada (exaustão); óculos de proteção; luvas de segurança; protetores respiratórios, entre outros itens imprescindíveis.

A maioria dos esforços atuais de Segurança do Trabalho está baseada em avaliações “pós-fato” das causas produtoras de acidente. As tentativas para controlar esses acidentes, e suas conseqüências não existem na prática.

O controle deve começar com medidas eficazes. O grau, até o qual o controle é possível, é função da adequação das medidas utilizadas para identificar o tipo e magnitude dos problemas potenciais produtores de lesão, existentes dentro de nosso campo de ação.

Os profissionais de Segurança e Medicina do Trabalho devem aceitar a necessidade de modificação dos métodos atuais de avaliação dos problemas de acidentes do trabalho, e buscar novas medidas que permitam melhorar a sua capacidade de identificar e controlar esses problemas.

Os profissionais de Segurança do Trabalho concentram a maioria de seus esforços na solução de problemas, isto é, proporcionar respostas quando à ênfase deveria estar em olhar à frente e procurar as perguntas certas. Necessitamos medir os problemas mais do que as suas conseqüências. Devemos examinar a base para distribuir os recursos de prevenção de acidentes do trabalho, a fim de receber o maior retorno pelos nossos esforços.

A questão é encontrar um critério de eficiência de segurança, e alguma maneira de medi-la. Atualmente os especialistas em Segurança do Trabalho estão diante apenas de uma noção intuitiva da eficiência de vários métodos de prevenção de acidentes. Gostaríamos de poder avaliar a eficiência interna de um programa de prevenção de acidentes medindo diretamente sua influência, num critério aceitável de desempenho de segu-rança, e como ele oscila através do tempo.

Os acidentes com lesão são uma conseqüência do comportamento do trabalhador, dentro de condições específicas de um sistema e, como tal, nos dizem muito pouco sobre o nível de segurança dentro de um sistema e, sobre o mau funcionamento de equipamentos e do ambiente, que são contribuintes importantes para os atuais e futuros problemas de acidentes.

Definitivamente, então, as nossas medidas de desempenho ressaltam que a saúde e a produtividade dos profissionais da Educação, também têm relação direta com o ambiente em que atuam e desenvolvem as suas atividades.

* José Eurides de Moraes é engenheiro, pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho.

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