“Porque se chamavam homens também se chamavam sonhos e os sonhos não envelhecem…”
O Estado é a necessidade premente de organização de uma sociedade dividida em várias classes, ou seja, de categorias sociais com intenções diferenciadas, cabendo a ele, estabelecer prioridades através da ação governamental. Mas toda ação governamental deve ser respaldada por um conceito que define a sua intenção política e ideológica, para com a sociedade civil, bem como para a sua própria identidade.
Pode-se entender como conceito de ação governamental a síntese de uma visão ideológica e que só é refletida na sua práxis. É a legitimação do governo junto à Sociedade como um todo. No governo FHC, o paradigma foi “Avança Brasil”, que tem como linha mestra os ditames do neoliberalismo e, em especial, do FMI.
A preocupação com as questões sociais não são prioridades, segundo declarações do Ministro da Economia, Pedro Malan: “ O social é objetivo último do governo”, declaração reproduzida na Folha de São Paulo em 19 de setembro do ano passado, na coluna do Frei Bento. O Ministro é claro não estava blefando! No mesmo jornal, Eliane Cantanhêde, expôs em um artigo, números reveladores que demonstravam que de 1997 para 1998 tinha dobrado o número de estrangeiros autorizados a trabalhar no Brasil, mas por outro lado triplicado o número de demissões. Brasileiros marginalizados, estrangeiros prestigiados. Ou seja, o neoliberalismo chamará isto de xenofobismo, outros matizes chamarão de exclusão.
Por outro lado, o atual governador do estado, Olívio Dutra, tem por opção e objetivo ideológico uma ação respaldada na práxis da construção cidadã. Entenda-se cidadania não só o direito a voto, mas de uma vida com dignidade. É, portanto, uma opção de esquerda. Esta cidadania no conceito de “Governo Popular” se dá no respeito as diversidades, aos contraditórios, como uma forma de sinalização da construção da sociedade e dos planos do governo.
Divergir dos objetivos de um governo, quando outra opção é saudável, construtiva e sobretudo a própria ação democrática, no que é importante. Do consenso, apenas espera-se a estagnação, o que é deplorável.
Quando do governo da Alemanha Nazista, umas das principais armas era a propaganda, revestida e maquiada, para obter efeitos ilusionistas. O mentor era Goebbels, onde só se produzia uma única verdade. A Alemanha era o consenso do progresso e o progresso era o Nazismo.
Passado meio século dessa sinistra experiência, alguns setores do jornalismo ainda defendem o consenso. Jornalismo deve ser sobretudo uma ação informativa, quando opinativa deve ser declarada e não escamoteada.
Portanto, divergir de um governo é aceitável, mas o achincalhamento pessoal como forma de jornalismo político, sobretudo, mostrando-se como se fosse uma discussão política, é impor uma falsa realidade, é uma atitude dos discípulos de Goebbels.
A Página Dez do Jornal Zero Hora é uma metralhadora em uma única direção: a pessoa do governador Olívio Dutra, ou seja, não só do político, mas do indivíduo que tem atitudes como qualquer outro dos mortais. Quando o indivíduo e cidadão Olívio Dutra, veraneava e descansava como qualquer trabalhador, foi alvo do deboche do jornalista José Barrinuevo, o intocável.
A Página Dez sempre nos revela o óbvio, com um verniz estigmatizante. Antiesquerda, que é de seu direito, mas de forma escamoteada, como uma notícia sem opinião.
O consenso e a verdade única não se propõem a desafios. Estes emanam da sociedade civil, que fazem junto com um governo democrático uma construção constante, um progresso, não apenas tecnológico e financeiro para as elites, mas social e político para toda a sociedade.
Portanto, tanto FHC quanto Olívio devem ter seus projetos políticos e suas falhas debatidos, mas também conquistas avaliadas e noticiadas, sem restrições.
“Pois o meu partido é um coração partido.”
CAZUZA
* César Ricardo Osório é historiador, professor de História
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