OPINIÃO

Uma paisagem muito diferente

O Editor / Publicado em 21 de abril de 2000

A educação superior no estado cresceu tanto nos últimos anos que mudou a paisagem das universidades do Rio Grande do Sul. Antes restrita às quatro unidades de ensino federal, a oferta de vagas se alastrou e mudou de cara: prédios suntuosos passaram a abrigar reitorias, prédios inteiros foram dedicados ao consumo e à convivência dos milhares de estudantes que passaram a freqüentar as salas de uma universidade. O mais importante: o resultado financeiro passou a ser milionário.

Nada contra o lucro. Mas a atividade de algumas instituições de educação superior do estado estão longe dos nobres objetivos de pesquisa, extensão e formação que deveriam nortear o trabalho de uma unidade de ensino. Os investimentos na construção de prédios, geralmente luxuosos e soberbos, ultrapassam em muito os recursos aplicados na formação de professores e no reequipamento de laboratórios.

Não é regra, claro, mas as exceções estão se multiplicando. O repórter Gilson Camargo foi a campo atrás dessas histórias de sucesso fulminante e descobriu que por trás das boas intenções se esconde, muitas vezes, um interesse meramente comercial. Como pode uma universidade manter a qualidade de sua educação se o número de matrículas triplica em menos de dez anos? Para aonde vão tantos profissionais formados? Qual a situação das universidades públicas em termos de investimento e capacitação docente?

Essas e outras perguntas são respondidas nas páginas centrais desta edição do Extra Classe, que traz também uma entrevista inédita com a musa do rock nacional, Rita Lee, e uma matéria que discute a profundidade dos debates sobre os 500 anos do Brasil. Afinal, perdemos a chance de descobrir um pouco mais sobre nosso passado em troca de uma festa ufanista e – também – com interesses econômicos.

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Esta é a última edição do Extra Classe no formato que os leitores se acostumaram a ler desde 1996, quando lançamos o jornal. A partir do mês que vem, estaremos de cara nova. A mudança vem sendo pensada desde o final do ano passado e serve para agilizar nossas edições, dar a elas um caráter mais atual. Um jornal tem de estar em constante mudança, assim como o mundo que ele procura retratar.

Não são, porém, mudanças que afetam o conteúdo editorial – e principalmente a filosofia de trabalho – desta publicação. Continuaremos perseguindo o outro (ou outros) lado da notícia, procurando dar a nossos leitores uma alternativa diferente de interpretação. Se pudermos fazer isso de forma mais bonita, tanto melhor.

Além da necessidade de melhorar a imagem gráfica do jornal, as mudanças seguem uma tendência de profissionalização. Ou seja, estaremos – com um novo projeto gráfico – aptos a disputar o espaço comercial que garantirá nossa presença no cenário jornalístico do Rio Grande do Sul. Por isso as alterações foram, durante tanto tempo, amadurecidas e pensadas pela equipe que faz este jornal.

O Editor

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