A grande pergunta que deve ser feita é: Qual será o futuro da América Latina sob o domínio da ALCA? Os países situados abaixo da línha do equador e América Central estão sendo acediados por todo tipo de promessa acerca da ALCA. São informados que mais comércio e investimento liberalizados criarão a maior potência comercial na história estendendo, assim, a prosperidade a muitos milhões em regiôes atualmente sem trabalho ou esperança.
Mas isso pode ser um grande engodo. Deveríamos olhar com muita atenção para estas promessas antes da assinatura do pacto. Pode ser a velha proposta de Mephisto à Fausto, em que a alma está em jogo. Quem diz isso é Maude Barlow, presidente nacional do Conselho de Canadenses, o maior grupo público canadense de defesa dos cidadãos, e diretora do Fórum Internacional para a Globalização em seu país. Para ela, em relatório extenso sobre o assunto, a realidade é que há mais de uma década a América Latina já tem vivido de acordo com o modelo da ALCA. Este modelo se baseia em programas de Adaptação Estrutural do Banco Mundial e do FMI que conhecemos bem. Foram as imposições da liberalização e da privatização da adaptação estrutural que forçaram a maioria dos países a desmantelar suas infra-estruturas públicas. Para terem direito ao abrandamento da dívida, muitas dezenas de países das Américas foram forçados a abandonar programas sociais públicos, permitindo a entrada de empresas estrangeiras com fins lucrativos e a venda dos seus “produtos” de saúde e ensino apenas aos “consumidores” com recursos.
No momento, só é permitido a estes países manter o mais básico dos serviços públicos apenas para os pobres. Todavia, estes serviços são tão precários que as empresas não estão interessadas neles e muitos milhões de pessoas do hemisfério sul passam sem o mínimo em saúde e educação. E não é por coincidência que os países da América Latina estão sofrendo uma invasão das empresas de assistência médica dos E.U.A.
Nos moldes da ALCA, este processo se acelerará, destruindo a medicina tradicional, a educação e a diversidade cultural. Na realidade, o objetivo é a harmonização econômica e cultural universal, afirma um oficial superior norte-americano da OMC, que acrescenta: “Basicamente, este processo não cessará até os estrangeiros finalmente começarem a pensar como os americanos, a agirem como os americanos e – principalmente – a comprarem como os americanos”.
Há oito anos inserido no NAFTA que é um prenúncio do ALCA, o México indica atualmente elevadas taxas de pobreza na ordem dos 70 por cento; o salário mínimo médio perdeu mais de três quartos do seu poder de compra durante aquele período. Agora os americanos, do norte, querem que o Brasil também embarque nessa.