Parece que o intento de José Serra em ver-se como candidato à sucessão de Fernando Henrique Cardoso está voando por alguma das muitas janelas do Palácio do Planalto. O próprio FHC está enxotando a candidatura do ministro da Saúde de seus planos. A bola da vez agora divide-se entre outro ministro, o da Educação, Paulo Renato de Souza, e o governador paulista Geraldo Alckmin, vice de Mário Covas que assumiu o posto com a morte deste. E embora ainda estejamos longe da abertura oficial da campanha presidencial, FHC já entrou em campo com tudo, aproveitando inclusive ocasiões oficiais para fazer sua jogada política. Foi o que se viu na aparição (em tempos de apagão, aparição é a palavra mais apropriada para FH) do Presidente em rede nacional de rádio no dia 25 de junho passado, quando do lançamento do programa Bolsa-Escola, feito no interior de São Paulo. Mesmo tendo de dividir-se em elogios entre os dois presidenciáveis, FHC se mostrou mais generoso com Paulo Renato. E deu início ao tradicional rosário hipócrita de promessas de campanha. A ironia de toda a situação é que a cerimônia onde se anunciava soluções para as mazelas do povo através de um projeto educacional foi cercada de atitudes nada democráticas como policiamento ostensivo para evitar a aproximação de uma manifestação de sem-terras, a colocação estratégica de atiradores de elite na área do evento e a interdição, por mais de seis horas, de todas as ruas próximas ao local. Nada como ser um presidente democrático e respeitado pelo seu povo.
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