Karina, Veja, ética e moral
Ilustração: D3 Comunicação
Ilustração: D3 Comunicação
Em palavras muito breves, ética é um conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa, e moral é a ação humana que segue princípios socialmente aceitos (aconselho os interessados a consultarem um bom dicionário). Vejamos um exemplo.
Uma das figuras fundamentais no desencadear da grande crise política por que passamos foi, e está sendo, Fernanda Karina Somaggio, que acusa seu ex-patrão de comandar o grande esquema de corrupção neste país. Perguntada por que se prontificou em acusá-lo (ela ofereceu-se espontaneamente), argumentou que estava cansada de ver tanta falcatrua, que queria para sua família um Brasil melhor. Seu ex-patrão, Marcos Valério de Souza, por outro lado, está processando Karina por tentativa de extorsão (talvez tenha sido isto que a levou a uma retaliação, o processo é anterior ao escândalo). O caso Valério veio a público pela revista Veja, num grande furo de reportagem que lhe rendeu milhões de exemplares vendidos. Desde então, essa revista vem estampando na capa matérias de chamada onde denuncia e condena, de forma espalhafatosa, a falta de ética e de moral nos indivíduos que deveriam se caracterizar por honestidade e boa conduta. Paralelamente, a revista Playboy, do grupo da Veja, aproveita-se da popularidade de Karina e propõe expô-la nua mediante um régio cachê. Ao contrário do que se esperaria de uma pessoa que se dizia preocupada pela ética e pela moral, Karina não só aceita, mas impõe um cachê muito maior do que o oferecido. Portanto, em resumo: Karina tentou extorquir Valério; Valério demite e processa Karina; a revista Veja comanda as denúncias de corrupção e expõe a imoralidade dos governantes; Karina se oferece a depor, em nome dos bons costumes; a revista Playboy, subsidiária de Veja, convida Karina para posar nua; Karina aceita, mas somente por dois milhões de reais…
Onde está a exigida ética? Onde está a propalada moral? E durma-se com um barulho desses!