A persistência das desigualdades regionais no Rio Grande do Sul – Parte 2
Ilustração: Pedro Alice
Ilustração: Pedro Alice
Nesta segunda parte do debate sobre as desigualdades regionais no RS, discutiremos algumas condições que julgamos essenciais na formulação de políticas para superar o subdesenvolvimento regional.
A primeira condição refere-se à clareza e convicção da necessidade de realizar mudanças estruturais para alcançar os resultados desejados. Não é o que tem acontecido em nosso meio, onde as propostas têm sido superficiais e envoltas por pesados esquemas de marketing político.
Os resultados têm gerado frustrações e desesperanças coletivas, que quase sempre acabam por reforçar aquilo que queriam combater, as desigualdades.
A segunda condição é a crença de que a construção do desenvolvimento deve ter como centro a inclusão, portanto, deve ser para todos, indistintamente. Esta condição traz implícita a ideia de que todos devem ter a oportunidade de participar dessa construção, ainda que com diferentes papéis.
A terceira condição refere-se aos diferentes tempos de discussão, planejamento, execução e obtenção dos resultados do desenvolvimento.
Na verdade, modificações profundas nas estruturas econômicas e sociais são obtidas em prazos longos, que muitas vezes ultrapassam os horizontes de tempo de gestão política e até da existência das pessoas. Portanto, a superação do subdesenvolvimento, definitivamente, não é tarefa para imediatistas.
A quarta condição é evitar posicionamentos ingênuos ao tratar das questões próprias do subdesenvolvimento. Uma ingenuidade muito comum é pensar que seja possível reduzir as desigualdades somente com políticas públicas.
Outra ingenuidade mais sedutora, e ao mesmo tempo mais perigosa, é imaginar que o livre funcionamento das forças do mercado seja suficiente para atingir os padrões desejados de desenvolvimento.
A quinta condição refere-se à controvérsia “endogenia” versus “exogenia” muito comum entre os formuladores de políticas do RS nas últimas décadas. A ortodoxia adotada tanto em relação aos aspectos endógenos quanto aos exógenos do desenvolvimento regional pode levar a equívocos que produzam resultados inferiores aos esperados.
Não é razoável crer que possa haver regiões que tenham capacidade endógena absoluta ou que dependam somente de fatores exógenos para se dinamizar.
Na verdade, é a realidade de cada recorte regional e as opções coletivas da sociedade que definirão a combinação ideal de elementos endógenos e exógenos a ser adotada.
A inobservância de uma ou mais dessas cinco condições pode levar ao fracasso dos esforços pela superação do subdesenvolvimento nas regiões mais pobres do Estado.
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